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Irã aprova projeto de lei para suspender cooperação com órgão nuclear da ONU

Parlamento também declarou que país vai acelerar seu programa nuclear civil; chefe da Agência Internacional de Energia Atômica havia pedido colaboração

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jun 2025, 08h12

O Parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira, 25, um projeto de lei para suspender a cooperação com o órgão de fiscalização nuclear das Nações Unidas, informou a agência de notícias estatal Nournews. O presidente da casa legislativa, Mohammad Baqer Qalibaf, também declarou que o país vai acelerar seu programa nuclear civil.

Teerã nega ter objetivo de construir armas nucleares e acusou uma resolução adotada neste mês pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), declarando que o Irã violou suas obrigações de não proliferação, de abrir caminho para os ataques de Israel.

De acordo com a Nournews, o presidente do Parlamento disse que a AIEA se recusou até mesmo a condenar o ataque às instalações nucleares iranianas e “colocou sua credibilidade internacional à venda”.

Qalibaf acrescentou que, “por esse motivo, a Organização de Energia Atômica do Irã suspenderá sua cooperação com a AIEA até que a segurança das instalações nucleares seja garantida e acelere o programa nuclear pacífico do país”.

A declaração ocorre depois do chefe da AIEA, Rafael Grossi, havia dito na terça-feira 24 que escreveu ao ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, para propor uma reunião e pediu cooperação após o anúncio do cessar-fogo. Segundo ele, a retomada da cooperação do país com a agência poderia levar a uma solução diplomática para a longa controvérsia sobre o programa nuclear de Teerã.

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Restauração do programa nuclear

Na terça-feira 24, o chefe nuclear do Irã, Mohammad Eslami, afirmou que o país está avaliando os danos à sua indústria nuclear após a intensa campanha de bombardeios de Israel nos últimos doze dias e os ataques dos Estados Unidos no final de semana. Segundo ele, providências foram tomadas para sua restauração.

“O plano é evitar interrupções no processo de produção e serviços”, disse Eslami, segundo a agência de notícias estatal iraniana Mehr News, alegando que Teerã tinha se preparado com antecedência para danos às suas instalações nucleares.

O programa nuclear do Irã sofreu sérios impactos com os bombardeios de Israel desde 13 de junho, especialmente na manhã de domingo, quando os Estados Unidos lançaram enormes munições “bunker buster” e dispararam mísseis contra três de suas instalações nucleares, juntando-se à campanha israelense.

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Os ataques israelenses e americanos atingiram locais de enriquecimento de urânio e diversas instalações de pesquisa e desenvolvimento ligadas ao programa. Washington e Tel Aviv afirmaram que os bombardeios causaram danos significativos às ambições nucleares do regime dos aiatolás e atrasaram consideravelmente o país.

Na noite de segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo entre Irã e Israel após os ataques, instando ambos os lados a “não violá-lo”. Ambos países confirmaram o cessar-fogo, mas a trégua parecia frágil poucas horas após sua implementação, quando o Irã lançou dois mísseis em direção ao norte de Israel. Os israelenses retaliaram com um ataque a Teerã, enquanto a agência de notícias iraniana ISNA afirmou que as acusações de que o Irã havia disparado mísseis após o início da trégua eram falsas.

Acordo nuclear

Em 2015, um pacto abrangente foi firmado pelos Estados Unidos e outras nações com o Irã, que autorizava o país a manter até 300 quilos de urânio enriquecido a no máximo 3,67% de pureza, limite adequado para fins civis, como geração de energia e pesquisa, mas muito abaixo dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares.

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Trump, porém, saiu do acordo unilateralmente em 2018. Segundo analistas, o movimento fez os iranianos acelerarem o avanço de seu programa nuclear, instalando milhares de centrífugas avançadas para enriquecer urânio.

Há duas semanas, a Agência Internacional de Energia Atômica, denunciou pela primeira vez em vinte anos que a nação islâmica violou o tratado de não-proliferação do qual é signatária, três meses após divulgar um relatório alarmante, segundo o qual o Irã já acumula cerca de 275 quilos de urânio enriquecido a 60%.

Esse material poderia ser convertido em grau militar em apenas uma semana e seria suficiente para produzir até meia dúzia de ogivas nucleares — embora a construção de uma bomba funcional, a toque de caixa, deva levar ainda pelo menos um ano. (Teerã nega consistentemente que seu objetivo seja obter uma arma nuclear).

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Em seu segundo mandato, Trump voltou a apostar na diplomacia, mas uma nova série de negociações entre o Irã e os Estados Unidos fracassou quando Israel lançou a chamada Operação Leão em Ascensão, que mirou instalações nucleares e capacidades balísticas do Irã, em 13 de junho. O presidente americano, depois de alternar entre ameaçar Teerã e instar o país a voltar à mesa de negociações, se juntou à campanha israelense com ataques diretos ao Irã no último sábado.

Desde o início do conflito, mais de 640 pessoas morreram no Irã e mais de 5 mil ficaram feridas. Entre as vítimas estão o alto escalão militar e cientistas nucleares.

Tel Aviv, por sua vez, afirmou que pelo menos 28 civis israelenses foram mortos por mísseis iranianos. Mais de 3 mil ficaram feridos.

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