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Irã planeja usar reconhecimento facial para fiscalizar uso de hijab

Governo usará tecnologia para identificar mulheres que não estão cumprindo a nova lei, que obriga uso do véu islâmico em lugares públicos

Por Da Redação
5 set 2022, 11h10

O governo do Irã anunciou planos de utilizar a tecnologia de reconhecimento facial para aplicar a nova lei sobre o uso do hijab, véu que cobre a cabeça de mulheres iranianas. Há um mês, o país decidiu implementar novas punições para coibir violações do código de vestuário.

O secretário do Departamento da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício no Irã, Mohammad Saleh Hashemi Golpayegani, anunciou em uma entrevista recente que o regime planeja usar tecnologia de vigilância para identificar mulheres que não estão usando o hijab no transporte público.

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Em 15 de agosto, o presidente iraniano Ebrahim Raisium assinou um decreto que proibia o atendimento a mulheres sem o véu em escritórios do governo e em bancos. Em algumas cidades do país, como Mashhad, as iranianas que estavam com as cabeças descobertas foram impedidas de acessarem o metrô.

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A nova medida, lançada um mês após o “Dia do Hijab e da Castidade”, provocou protestos em todo o país, com mulheres publicando vídeos de si mesmas nas redes sociais com a cabeça descoberta nas ruas e em ônibus e trens.

Contudo, os protestos representam ações individuais de ativistas ou mulheres iranianas que se recusam a cumprir essa determinação.

Nas últimas semanas, as autoridades iranianas responderam às manifestações com uma série de prisões, detenções e confissões forçadas na televisão.

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O hijab, uma cobertura de cabeça usada por mulheres muçulmanas, tornou-se obrigatório após a revolução do Irã em 1979. No entanto, ao longo das décadas, as mulheres têm flexibilizado o uso do véu especialmente nas grandes cidades, onde é comum ver iranianas com os cabelos à mostra.

Para repreender as violações do regime, o Teerã vem introduzindo, desde 2015, cartões de identidade biométricos, que incluem um chip que armazena dados como varreduras de íris, impressões digitais e imagens faciais.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o pesquisador da Universidade de Twente, na Holanda, Azadeh Akbari explicou que grande parte da população iraniana está registrada neste banco nacional de dados biométrico, o que permite que o governo tenha acesso aos rostos dos cidadãos do país.

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“Eles sabem de onde as pessoas vêm e podem encontrá-las facilmente. Uma pessoa em um vídeo na internet pode ser identificada em segundos”, afirma o especialista.

Outros pesquisadores criticaram o regime por lançar decretos de repressão aos direitos das mulheres em um momento em que o país enfrenta uma crise econômica. “A taxa de inflação no Irã está chegando a 50%, mas o governo está optando por se concentrar nos direitos das mulheres”, aponta Annabelle Sreberny, professora emérita do Centro de Estudos Iranianos da Universidade Soas de Londres.

Paralelamente à recusa do uso véu islâmico por parte de algumas mulheres iranianas, outras manifestações pró-hijab foram organizadas pelo governo em várias cidades do país. Em julho, cerca de 10 mil mulheres se reuniram em um estádio, no centro de Teerã, para apoiar o uso obrigatório do adereço.

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