O presidente do Irã, Hassan Rouhani, anunciou, nesta quarta-feira 8, que seu país reduzirá os compromissos firmados no acordo nuclear de 2015, dando aos demais signatários do pacto 60 dias para cumprir as exigências iranianas. Há um ano, os Estados Unidos já haviam desistido do tratado – mas outras nações, como França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia – seguiam signatárias.
Em discurso transmitido pela TV, Rouhani informou que a partir desta data o Irã não mais venderá urânio enriquecido e nem seu excedente de água pesada – exigências firmadas no antigo acordo, que visava limitar o poderio nuclear do país. Ele afirmou que, para voltar a suspender essas atividades, o país exige que sejam derrubadas as sanções hoje praticas contra o sistema bancário iraniano e a venda de petróleo.
Rouhani disse que o Irã quer negociar novos termos com os demais parceiros do acordo, mas avisou que a situação era prejudicial ao país.
“Nós sentimos que o acordo nuclear precisa de uma cirurgia e as pílulas analgésicas do ano passado foram ineficazes. Esta cirurgia é para salvar o negócio, não para destruí-lo”, declarou.
O movimento deve ser aproveitado por Washington como prova de que o acordo nuclear – que os Estados Unidos violaram em maio de 2018 – entrou em colapso e não vale mais a pena mantê-lo.
Segundo o pacto, o Irã está autorizado a estocar quantidades limitadas de urânio enriquecido e água pesada produzida nesse processo, exportando qualquer excedente. As exportações, contudo, foram muito prejudicadas pelas sanções americanas, que impedem Teerã de comercializar seus estoques, forçando o país a interromper o enriquecimento ou ignorar os limites.
Reações
A agência de notícias Associated Press informou que o Irã enviou cartas aos embaixadores de China, Alemanha, União Europeia e França informando-os sobre sua decisão.
O ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, disse que Teerã está agindo de acordo com seus direitos e que cabe às potências europeias reagirem para evitar uma retirada completa do país do pacto.
Em resposta à decisão, a ministra da Defesa da França, Florence Parly, afirmou que a Europa está fazendo todo o possível para manter o acordo vivo, mas alertou que haverão consequências e possivelmente sanções se o pacto não for cumprido.
China e Rússia culparam a retirada de Washington do acordo de 2015 pela atual situação de tensão internacional.
(Com EFE)