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Iranianos desafiam polícia para protestar no túmulo de Mahsa Amini

Multidão se reuniu para marcar 40 dias da morte da jovem presa por supostamente utilizar o véu islâmico de maneira 'imprópria'

Por Da Redação 26 out 2022, 11h10

Uma grande multidão protestou no cemitério de Saqqez, cidade no centro-oeste do Irã, onde Mahsa Amini está enterrada. O ato marca marcar 40 dias da morte da jovem curda, que faleceu sob custódia policial após ser detida por usar o véu islâmico de forma “imprópria”.

De acordo com testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters, forças de segurança abriram fogo contra parte dos manifestantes, após um confronto entre a população e agentes da tropa de choque da polícia.

+ Protestos no Irã já deixaram 250 mortos e mais de 12 mil presos

Antecipando a agitação do quadragésimo dia de luto por Amini – uma ocasião culturalmente significativa para os iranianos – o governo mobilizou na quarta-feira, 25, forças de segurança para região em que a jovem está enterrada e outras partes da província do Curdistão.

+ Contra protestos, líder do Irã diz que República Islâmica é inabalável

No entanto, vídeos publicados nas redes sociais mostraram que os iranianos aparentemente ignoraram os obstáculos para chegar ao cemitério de Aichi. Nas imagens, a multidão entoa gritos pela “liberdade das mulheres” e também apelavam por “morte ao ditador”, sinalizando a insatisfação dos manifestantes com o regime atual do país.

https://twitter.com/ksadjadpour/status/1585238993025007616

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“Eles tentaram nos impedir de entrar no cemitério … mas eu consegui entrar”, disse uma ativista à agência de notícias Reuters.

+ Protestos no Irã: Forças de segurança invadem universidade de Teerã

Grupos de direitos humanos do Irã estimam que pelo menos 234 manifestantes, incluindo 29 crianças, foram mortos por forças de segurança em uma violenta repressão ao que os líderes do Irã retrataram como “tumultos” fomentados por inimigos estrangeiros.

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Organizações ativistas também relataram uma forte presença de policiamento na cidade vizinha ao cemitério e que greves gerais estavam ocorrendo em regiões do Curdistão acompanhando aos protestos.

Contrariando as alegações de ativistas, o governador do Curdistão, Esmail Zarei Koosha, disse que a situação em Saqqez estava calma na quarta-feira e negou que as estradas tivessem sido fechadas.

“Estão tentando usar o aniversário de 40 dias da morte de Mahsa Amini como pretexto para causar novas tensões, mas felizmente, a situação na província é completamente estável”, disse a autoridade iraniana à agência de notícias estatal IRNA .

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As autoridades fecharam todas as escolas e universidades da província “por causa de uma onda de influenza”, de acordo com a mídia estatal.

Além da reunião no túmulo de Amini, outros protestos também foram realizados na quarta-feira no Grand Bazaar, centro comercial do Teerã, bem como nas universidades da capital e em cidades do nordeste e sudoeste do país.

A morte de Amini, em setembro, provocou a revolta das mulheres iranianas que foram às ruas queimar seus hijabs, lenço islâmico, em solidariedade à jovem de 22 anos. Logo os protestos se espalharam pelo país e manifestações ao redor do mundo começaram a pedir pela queda do líder supremo Ali Khamenei e pela “Morte à República Islâmica”. Mesmo que a agitação ainda não tenha derrubado o regime extremista, os protestos são os mais ousados desde a revolução de 1979.

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