Iranianos escolhem parlamentares em eleição dominada por conservadores
Mais de 7.000 candidatos potenciais, reformistas e moderados, foram desqualificados; tensões com EUA podem fortalecer políticos anti-Ocidente
Os iranianos votaram nesta sexta-feira, 21, em eleições parlamentares marcadas pela desqualificação de mais de 7.000 candidatos em potencial, a maioria deles reformistas e moderados.
Segundo a agência de notícias AP, a quantidade elevada de desqualificações aumenta a possibilidade de os eleitores deixarem de comparecer, já que a maioria dos candidatos restantes é conservadora. O voto não é obrigatório no país.
Entre os desqualificados, havia 90 membros efetivos do Parlamento que queriam concorrer à reeleição. Após os vetos, sobraram cerca de 7.000 políticos na disputa por um lugar na câmara de 290 lugares.
O atual Parlamento, eleito em 2016, tem mais de 100 reformistas e moderados, com o restante da Câmara dividida entre independentes e conservadores. Os resultados iniciais devem ser anunciados no sábado, e as eleições presidenciais estão previstas para 2021.
O fator yankee
A eleição acontece em um momento de crescente dificuldade econômica no Irã, em recessão devido às sanções dos Estados Unidos que prejudicaram as vendas de petróleo iraniano no exterior. A punição foi estabelecida por causa do descumprimento do acordo nuclear por parte do Irã, depois do presidente americano Donald Trump sair da resolução.
As tensões com os americanos, mais infladas ainda desde o assassinato do general Qasem Soleimani, podem fortalecer os parlamentares linha-dura e reforçar a desconfiança de longa data em relação ao Ocidente, especialmente com os yankees. Os Estados Unidos acusavam Soleimani de planejar ataques por meio de grupos xiitas contra suas forças diplomáticas e militares na região.
“Qualquer pessoa que se preocupa com os interesses nacionais do Irã deve participar da eleição”, disse o Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei nesta sexta-feira. No início da semana, Khamenei disse que o comparecimento de eleitores às urnas impedirá “conspirações e planos” dos Estados Unidos e apoiadores de Israel.