O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira, 30, que Israel realizará uma operação militar na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, independentemente de haver ou não um acordo de cessar-fogo com o grupo militante palestino Hamas.
“A ideia de que vamos parar a guerra antes de alcançar todos os nossos objetivos está fora de questão”, disse o primeiro-ministro.
Rafah concentra mais da metade da população de Gaza, que se deslocou para lá sob orientação do governo israelense em meio aos bombardeios incessantes no norte do território. Acredita-se que Rafah abrigue quase 1,5 milhão de pessoas.
Por lá, os civis vivem uma situação de emergência humanitária, incluindo a escassez de medicamentos e de alimentos. Segundo um relatório das Nações Unidas, publicado em janeiro, cerca de 5% das crianças com menos de dois anos sofriam de subnutrição aguda na cidade. Antes do confronto, o índice era de 0,8% em toda a Faixa de Gaza.
A fala de Netanyahu se refere à nova tentativa de um acordo de cessar-fogo, que teve início nesta segunda-feira no Cairo. Acredita-se que líderes do Hamas se reunirão nesta sexta-feira para anunciarem o veredito sobre o acordo, que seria um caminho para um cessar-fogo permanente, como solicitado pelo grupo.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, uma fonte envolvida nas negociações informou, sob condição de anonimato, que ao menos 40 dos 130 civis em cativeiro seriam soltos, bem como um número ainda não divulgado de palestinos mantidos em prisões em Israel.
Rafah
Israel considera Rafah o “último reduto” do Hamas na Faixa de Gaza, alegando que a cidade abriga quatro batalhões de combate do grupo palestino e que o controle do local é indispensável para a vitória na guerra.
Na semana passada, um membro do alto escalão do governo israelense afirmou que as tropas do país estavam prestes a atacar os supostos redutos do Hamas em Rafah e, segundo a agência de notícias Reuters, a ofensiva tem planos de retirar parte da população da região.
Os planos da nova ofensiva incluiriam a retirada de parte da população da região, segundo a Reuters, que também afirmou que Ministério da Defesa de Israel comprou 40 mil tendas, com capacidade para até 12 pessoas, para abrigar os palestinos deslocados de Rafah. A retirada de civis deverá ser autorizada pelo gabinete de guerra israelense na próxima semana, mas os soldados aguardam a ordem do premiê para dar início ao ataque a qualquer momento, disse a agência de notícias.
A operação em Rafah parece iminente apesar de uma série de alertas da comunidade internacional, incluindo da Arábia Saudita, do Brasil e das Nações Unidas. Em fevereiro, porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, disse que a entidade não queria ver nenhum deslocamento em massa forçado, que são por definição contra a vontade das pessoas. “De forma alguma apoiaremos deslocamentos forçados, que vão contra a lei internacional”, afirmou na ocasião.
O enviado especial dos Estados Unidos para questões humanitárias no Oriente Médio, David Satterfield, disse a repórteres na semana passada que o país mantém “discussões” com Israel sobre “formas alternativas” de enfrentar o desafio que é a presença militar do Hamas em Rafah. Ele também destacou que Washington não apoiaria “uma operação terrestre em Rafah sem um plano humanitário apropriado, credível e executável, precisamente por causa das complicações na prestação de assistência humanitária”.