Israel estuda resposta do Hamas a proposta de cessar-fogo em Gaza
Grupo palestino aceitou plano que inclui libertação de 28 reféns vivos e mortos e a retirada parcial das forças israelenses do enclave

Israel está estudando a resposta do Hamas à uma proposta de cessar-fogo em Gaza à qual o grupo terrorista palestino deu sinal verde na segunda-feira 18, segundo informações da agência de notícias Reuters. O acordo, semelhante àquele sugerido pelos Estados Unidos no início do ano e viu as negociações travarem em um impasse, prevê uma pausa de 60 dias nas hostilidades e a libertação de metade dos reféns israelenses ainda em cativeiro no enclave.
Os esforços para interromper os combates ganharam novo impulso na última semana, depois que o Exército israelense anunciou planos para uma nova ofensiva para tomar o controle da Cidade de Gaza. Os mediadores Egito e Catar têm feito pressão para reativar as negociações indiretas sobre uma trégua apoiada pelos Estados Unidos.
Em troca da libertação de 10 reféns vivos e 18 mortos, a proposta prevê a soltura de 200 palestinos condenados à prisão em Israel, bem como um número não especificado de mulheres e menores de idade detidos pelas forças israelenses. Segundo fontes de segurança egípcias consultadas pela Reuters, o Hamas também solicitou a libertação de centenas de pessoas presas na própria Faixa de Gaza.
Além disso, Israel faria uma retirada parcial de suas forças, que atualmente controlam 75% do enclave, e permitiria a entrada de mais ajuda humanitária no território palestino, onde um em cada três dos 2,2 milhões de habitantes (número ajustado pela morte de cerca de 62 mil na guerra) está faminto.
Ofensiva na Cidade de Gaza
A última rodada de negociações indiretas entre Israel e Hamas fracassou em julho em meio a trocas de acusações pela responsabilidade pelo colapso do processo. Israel havia concordado anteriormente com o esboço do acordo, apresentado pelo enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, mas alguns dos detalhes travaram a implementação do cessar-fogo.
Os planos de Israel para tomar o controle da Cidade de Gaza, no coração do enclave palestino, soaram alarmes entre a comunidade internacional e preocupam a população de 1 milhão de pessoas que vivem lá atualmente. No terreno, não há sinais de um cessar-fogo próximo — tiros, bombardeios de tanques e ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 20 palestinos nesta terça-feira, de acordo com autoridades de saúde de Gaza.
Com blindados, o IDF, Exército de Israel, concluiu a tomada do controle do subúrbio de Zeitoun, um bairro a leste da Cidade de Gaza, e continuaram a bombardear Sabra, nas proximidades. Na semana passada, Tel Aviv afirmou que as operações em Zeitoun tinham objetivo de localizar armas, túneis e atiradores. Autoridades locais disseram que dezenas de pessoas ficaram presas em suas casas devido ao bombardeio. O exército israelense afirmou estar verificando a informação.
Protestos em Israel
Em Israel, a ameaça de uma nova ofensiva em Gaza levou dezenas de milhares de pessoas às ruas no domingo 17 para alguns dos maiores protestos desde o início da guerra. Os manifestantes pediram a assinatura de acordo de cessar-fogo para libertar os reféns restantes em Gaza.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve convocar discussões sobre a proposta de cessar-fogo em breve, segundo a Reuters. Se de um lado enfrenta pressão da sociedade para encerrar os combates, do outro tem que lidar com os partidos de extrema direita que sustentam sua coalizão no governo, opostos a uma trégua com o Hamas. Os ministros Bezalel Smotrich, das Finanças, e Itamar Ben-Gvir, da Segurança Interna, exigem que a guerra se sustente até o grupo palestino ser derrotado, com a posterior anexação de Gaza por Israel.
Izzat El-Reshiq, representante do Hamas, disse considerar que a proposta de trégua em questão pode abrir caminho para as negociações sobre o fim da guerra. Uma fonte próxima às negociações disse à Reuters que, ao contrário das rodadas anteriores, o grupo palestino que governa Gaza aceitou o plano atual sem novas exigências.
Mas as perspectivas de um acordo para o fim da guerra parecem remotas, uma vez que os impasses permanecem os mesmos. O Hamas exige uma retirada completa de Israel e garantias contra uma reocupação; Tel Aviv demanda que o grupo palestino entregue as armas e deixe o governo de Gaza — que seria então liderada por uma coalizão árabe, e não pela Autoridade Palestina, que os israelenses acusam de proximidade com terroristas.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas liderados pelo Hamas invadiram o sul Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns. Desde então, a ofensiva israelense matou quase 62 mil palestinos, mergulhou Gaza em uma crise humanitária e deslocou a maior parte de sua população.