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Itamaraty suspende férias de embaixadores para conter crise ambiental

Medida atinge embaixas do Brasil na Europa e nos demais países do G7 pelos próximos 15 dias

Por Reuters 27 ago 2019, 03h09

O Itamaraty decidiu suspender as férias de todo os embaixadores do Brasil na Europa e nos demais países do G7 pelos próximos 15 dias, em um esforço para coordenar uma resposta ao que está sendo chamado no governo de “crise ambiental“, disseram fontes com conhecimento do assunto.

A decisão foi tomada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, depois de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Jair Bolsonaro no final da tarde de domingo. A preocupação é o estrago causado na imagem do Brasil pelas queimadas e o desmatamento na região amazônica.

A ameaça por alguns países europeus de não ratificar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia é uma das consequências da crise ambiental.

O aviso foi feito nesta segunda-feira através de uma circular confidencial e pegou os diplomatas de surpresa, mesmo em meio ao bombardeio internacional que o Brasil vem sofrendo pelas queimadas e desmatamento na Amazônia. Alguns embaixadores que estavam em férias –esse é o período de férias escolares no hemisfério Norte– tiveram que voltar.

A intenção é tentar coordenar uma “resposta diplomática” à crise. De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, a suspensão de férias não é incomum, mas normalmente é reservada à ações humanitárias, especialmente quando há risco de vida e necessidade de proteção a brasileiros.

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Na semana passada, o governo iniciou, como mostrou a Reuters, uma ofensiva diplomática para tentar reverter os estragos que as queimadas na Amazônia estavam fazendo à imagem do Brasil. Foi distribuído a todos postos diplomáticos no mundo um documento de 12 páginas com 59 itens e dados para que os diplomatas defendessem o governo das acusações de mau gerenciamento do meio ambiente.

Além disso, também foi repassado um cartaz com 9 pontos sobre as queimadas preparado pelo Ministério do Meio Ambiente com a ordem de que todas as embaixadas e consulados os colocassem em sua página oficial nas redes sociais.

O material afirmava, entre outros pontos, que queimadas “acontecem todo ano no Brasil” e que este é o período crítico do ano –na verdade, o auge da seca na região Norte ainda não começou. O nono ponto apontava que “os incêndios que ocorrem agora não estão fora de controle”.

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Até agora, a ofensiva nas redes sociais não teve muito sucesso. Diplomatas têm recebido e-mails e comentários nas redes, a sua maioria com reclamações pesadas à atuação do governo, tanto de brasileiros quanto de estrangeiros.

A crise internacional que assolou o governo começou com a divulgação de dados de acompanhamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrando que o número de focos de queimadas este ano está mais de 80% maior do que no mesmo período do ano passado.

Fotos da floresta queimando e de cidades da região cobertas de fumaça começaram a circular nas redes sociais, o que causou um movimento internacional de reclamações e cobranças contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.

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