J. K. Rowling se diz ‘ansiosa para ser presa’ sob lei de incitação ao ódio
Autora de Harry Potter é acusada por fãs de ter feito declarações consideradas transfóbicas
A escritora britânica J. K. Rowling, conhecida por ter criado o universo mágico de Harry Potter, disse nesta terça-feira, 2, que está “ansiosa para ser presa” sob uma nova lei contra crimes de ódio na Escócia, por declarações transfóbicas. Em publicação no X (antigo Twitter), ela escreveu que “os legisladores escoceses parecem ter atribuído mais valor aos sentimentos dos homens que realizam a sua ideia de feminilidade, ainda que de forma misógina ou oportunista, do que aos direitos e liberdades das mulheres e meninas reais”.
“Há já vários anos que as mulheres escocesas têm sido pressionadas pelo seu governo e por membros da força policial a negar a evidência dos seus olhos e ouvidos, a repudiar os fatos biológicos e a abraçar um conceito neorreligioso de gênero que é improvável e não testável”, acrescentou. “A redefinição de ‘mulher’ para incluir todos os homens que se declaram já teve consequências graves para os direitos e a segurança das mulheres e meninas na Escócia, com o impacto mais forte sentido, como sempre, pelos mais vulneráveis, incluindo mulheres prisioneiras e sobreviventes de estupro”.
🎉🌼🌸April Fools! 🌸🌼🎉
Only kidding. Obviously, the people mentioned in the above tweets aren't women at all, but men, every last one of them.
In passing the Scottish Hate Crime Act, Scottish lawmakers seem to have placed higher value on the feelings of men performing their…
— J.K. Rowling (@jk_rowling) April 1, 2024
Os comentários considerados transfóbicos tiveram início em 2020, numa publicação que utilizava o termo “pessoas que menstruam”, que engloba mulheres cisgênero e homens transexuais. Em resposta, a autora afirmou que conhece e ama “pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a habilidade de muitos discutirem suas vidas de forma significativa”, atraindo uma chuva de críticas dos potterheads, como são chamados os fãs do universo do jovem bruxo.
Em 2023, ela publicou uma imagem que dizia “repita conosco: mulheres trans são mulheres”, mas com um “não” na legenda do post. A britânica mora em Edimburgo, a capital escocesa, desde 1993. Ela poderia, então, ser enquadrada na Lei de Crimes de Ódio e Ordem Pública de 2021, em vigor a partir desta segunda-feira, que tipifica criminalmente o ato de “incitar o ódio” sobre a idade, deficiência, religião, orientação sexual, identidade de gênero no país. A pena máxima é de sete anos de prisão.
+ A nova polêmica de J.K Rowling com a comunidade trans
Rowling realmente será presa?
Ainda nesta terça-feira, a polícia da Escócia afirmou ter recebido reclamações sobre o post da autora e que “os comentários não são considerados criminosos e nenhuma ação adicional será tomada”, informou o jornal The Guardian.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, apoiou Rowling e defendeu que pessoas não deveriam ser punidas criminalmente por constatarem “fatos simples sobre biologia”. Ao jornal britânico The Daily Telegraph, nesta segunda-feira, ele ressaltou que o Partido Conservador, do qual faz parte, “protegeria sempre” a liberdade de expressão.
Por sua vez, o líder do Partido Nacional Escocês, Humza Yousaf. defendeu a legislação sob a justificativa de que “protege absolutamente as pessoas na sua liberdade de expressão” e “as pessoas de uma onda crescente de ódio que temos visto com demasiada frequência na nossa sociedade”.