O representante permanente da Rússia nas Nações Unidas em Genebra, Gennady Gatilov, disse nesta segunda-feira, 22, que descartava uma solução diplomática para acabar com a guerra na Ucrânia. Segundo a autoridade, Moscou também espera um conflito prolongado, enquanto a invasão está prestes a atingir a a marca de seis meses.
Em entrevista ao jornal Financial Times, Gatilov afirmou que não haverá conversas diretas entre os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
Ele alegou que Moscou e Kiev estiveram “muito perto” de chegar a um acordo para encerrar o conflito durante as negociações em abril, mas acusou os Estados Unidos e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de pressionar a Ucrânia a desistir das negociações.
“Agora, não vejo nenhuma possibilidade de contatos diplomáticos. E quanto mais o conflito continuar, mais difícil será ter uma solução diplomática”, disse Gatilov.
Ele acrescentou que é impossível prever quanto tempo o conflito pode durar e que os países ocidentais “lutarão até o último ucraniano”.
A guerra em curso da Rússia com a Ucrânia não está indo do jeito que Putin esperava. Essa é uma avaliação do ex-chefe do Exército britânico, o general Lord Richard Dannatt, que afirmou que as forças russas tiveram que “recalibrar” o que estão fazendo, pois não conseguiram obter uma vitória rápida sobre os militares ucranianos.
“Acho que a guerra se desenrolou de forma completamente diferente do que Vladimir Putin imaginou. Este é provavelmente seu pior cenário, seu cenário de pesadelo”, disse.
Segundo Dannatt, no dia da invasão (24 de fevereiro), Putin esperava derrubar o presidente Zelensky, mudar o regime em Kiev, mudar o governo da Ucrânia e colocar o país inteiro sob o controle da Rússia.
“Claro, isso não aconteceu. Isso significava que os russos tiveram que recalibrar o que estavam tentando fazer”, afirmou Dannatt.
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No domingo 21, um incidente surpreendente ilustrou as adversidades da Rússia na guerra. A filha de um ideólogo russo ultranacionalista e aliado de Putin foi morta em um carro-bomba nos arredores de Moscou.
Darya Dugina, cujo pai é o comentarista político russo Alexander Dugin, morreu quando o carro que ela dirigia foi destruído por uma poderosa explosão a cerca de 20 quilômetros da capital. Moscou, sem provas, culpou Kiev pelo ataque, chamando-o de tentativa de assassinato e exigindo que o Kremlin respondesse alvejando funcionários do governo em Kiev.
Se o carro-bomba estiver ligado à guerra, marcaria a primeira vez desde fevereiro que a violência na Ucrânia atingiria a capital russa, atingindo a família de um aliado do Kremlin perto de um dos bairros mais exclusivos de Moscou.