O medo do coronavírus afetou a programação oficial dos dois países mais atingidos pela epidemia. O Japão anunciou nesta segunda-feira, 17, o cancelamento das comemorações públicas do aniversário do imperador Naruhito, previstas para 23 de fevereiro. Enquanto isso, na China, mídias estatais comunicaram o provável adiamento da reunião política mais importante do país, que ocorre no começo de março.
O Japão é o segundo país com mais casos confirmados de coronavírus no mundo, depois da China. Quase sessenta pessoas foram diagnosticadas em território japonês, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo a morte de uma mulher de 80 anos.
Pelo menos outros 355 contágios acabaram registrados no cruzeiro Diamond Princess, em quarentena desde 3 de fevereiro no porto de Yokohama.
Em meio aos temores de propagação do novo coronavírus no país, a agência imperial cancelou a visita do público geral ao palácio para o aniversário do imperador. “A aparição de Sua Majestade pela manhã e a assinatura pública do livro de cumprimentos serão canceladas”, afirmou a agência imperial, um dia depois do pedido das autoridades à população que evite concentrações e reuniões “não essenciais”.
A celebração pública do aniversário do imperador Naruhito seria a primeira desde que ele assumiu o trono, em maio do ano passado. O monarca, tradicionalmente, faz aparições em uma área do palácio duas vezes ao ano – no Ano Novo e em seu aniversário.
O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, advertiu no domingo 16 que o país estava “entrando em uma nova fase” devido às novas contaminações, alertando para a dificuldade em rastrear as rotas de transmissão do coronavírus.
Também no Japão, a Maratona de Tóquio, marcada para o próximo dia 1º de março, ficou restrita a apenas 176 corredores profissionais por medo de contaminação. Uma das mais importantes provas do mundo, contou com mais de 38.000 inscritos nos anos anteriores.
Disciplina por um fio
O encontro político anual mais importante da China, conhecido como “Duas Sessões”, reúne por dez dias na capital do país milhares de delegados do Congresso e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, principal órgão oficial do país.
O evento, programado para começar em 5 de março, tradicionalmente revela as metas para o crescimento da economia do país e os planos de ação para o ano – informações de alto valor para o mercado global. Desde 1995, as sessões ocorrem no início de março, fazendo deste o primeiro atraso em quinze anos.
As notícias da mídia estatal sobre o adiamento circulam em um momento de revolta da população contra o Estado chinês, criticado por ter demorado em alertar o público sobre os perigos do novo coronavírus, que já infectou mais de 51.000 pessoas na China e causou cerca de 1.700 mortes, segundo a OMS.
Wuhan, a cidade no epicentro do surto, realizou sua própria reunião política, de 6 a 10 de janeiro. Semanas depois, cidades por toda a China relataram seus primeiros casos do vírus. Com a epidemia ainda não contida, permitir a realização da reunião em nível federal cimentaria a ideia de que a política está, novamente, sendo priorizada em relação à segurança pública.
O Comitê Permanente do Congresso discutirá na próxima segunda-feira, 24, uma resolução para adiar a reunião legislativa deste ano.
(Com AFP)