Japão espera responsabilidade da Coreia do Norte para cumprir o acordo
Acordo de Singapura não trouxe temas sensíveis para o Japão; Shinzo Abe espera receber mais detalhes de Trump ainda hoje
O governo de Japão expressou nesta terça-feira (12) seu desejo de que a Coreia do Norte “se comporte como um país responsável” depois da histórica reunião de cúpula em Singapura. Estados Unidos e Coreia do Norte acordaram trabalhar pela completa desnuclearização da Península Coreana.
“Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” de agora em diante, disse Yoshihide Suga, porta-voz do Executivo japonês à imprensa, ao término das mais de quatro horas de reuniões entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Yoshihide Suga não quis avaliar o resultado da cúpula porque Trump telefonaria para o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, nas próximas horas para informá-lo sobre a conversa. Mas destacou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade (a reunião)”.
Enquanto Trump e Kim estavam na cúpula em Singapura, Abe expressava sua esperança de que o encontro levasse ao fim o desenvolvimento nuclear e de mísseis de Pyongyang. A declaração conjunta assinada por Kim e Trump não contemplara dois temas sensíveis para o Japão – a destruição dos mísseis de curto e médio alcances norte-coreanos e a devolução dos japoneses sequestrados por Pyongyang nos anos 1970 e 1980. Abe pedira ao presidente americano, no dia 7 em Washington, que tratasse também desses temas em sua conversa com Kim.
A Coreia do Norte “tem recursos (naturais) abundantes e uma força de trabalho diligente. Terá um futuro brilhante se avançar pelo caminho correto”, disse Abe, durante uma entrevista coletiva realizada em Tóquio, depois de um encontro com seu colega malaio, Mahathir Mohamad, divulgada pela agência de notícias local Kyodo.
O chanceler japonês, Taro Kono, recebeu uma ligação logo após o término da cúpula de seu colega americano, o secretário de Estado Mike Pompeo, conversa da qual não foram revelados detalhes.
Horas antes, Kono tinha mostrado cautela sobre a cúpula e afirmou que “o foco deve ser se a Coreia do Norte mostrará o seu claro compromisso de realizar esforços para deixar todas as armas de destruição em massa e os mísseis de todas as categorias”.
O chanceler japonês viajará entre 13 e 14 de junho a Seul para se reunir com Pompeo e a chanceler sul-coreana, Kang Kyung-wha.
Tóquio se mostrou muito cético sobre o diálogo com Pyongyang e é partidário de manter a política de “pressão máxima” sobre o regime, apesar de Trump, o principal artífice desta estratégia, ter mudado de tom com a aproximação da cúpula.
(Com EFE)