Japão segue vendo a Coreia do Norte como uma “séria ameaça”
De acordo com relatório, Pyongyang mantém implantados "centenas de mísseis balísticos capazes de alcançar praticamente qualquer parte do Japão"
O Japão considera que a Coreia do Norte segue representando uma “séria ameaça” para sua segurança, apesar da atual fase de distensão na península coreana e o compromisso do regime de Pyongyang para se desnuclearizar, segundo seu relatório anual de Defesa divulgado nesta terça-feira, 28.
O documento afirma que Pyongyang mantém implantados “centenas de mísseis balísticos capazes de alcançar praticamente qualquer parte do Japão”, entre eles o Rodong, de médio alcance, pelo qual a percepção do país vizinho como potencial ameaça “segue sem mudanças”.
No entanto, o Livro Branco da Defesa do Japão, avalia como “significativo” o compromisso para a desnuclearização da península da Coreia realizado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante a sua histórica cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada no mês de junho, em Singapura.
Neste sentido, o documento ressalta a importância de “vigiar de perto” as possíveis ações concretas tomadas pela Coreia do Norte para se desfazer das suas capacidades nucleares e de mísseis.
O ministério japonês publicou seu relatório anual em um momento em que o diálogo aberto entre Washington e Pyongyang para realizar a desnuclearização da península coreana parece paralisado, devido às diferenças entre as duas partes sobre como realizar este processo.
Os veículos de imprensa oficiais do regime norte-coreano e a Casa Branca trocaram acusações nos últimos dias, e na última sexta-feira, Trump anunciou o cancelamento de uma viagem prevista para esta semana a Pyongyang do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
Além disso, o Livro Branco japonês afirma que atividades militares foram intensificadas por parte dos países vizinhos na região de Ásia-Pacífico, e em particular aponta para Rússia e China.
No caso de Pequim, o documento se refere à “escalada unilateral das suas atividades militares”, o que representa uma “forte preocupação” para a segurança da região.
Moscou também mostra “uma tendência em intensificar suas atividades militares” na região, incluindo áreas próximas ao território japonês, segundo o Livro Branco.
O Japão mantém uma disputa com a China pela soberania das ilhas Senkaku (Diaoyu em chinês), administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim, e a tensão entre as duas nações aumentou por causa da construção de ilhas artificiais e instalações militares por parte do gigante asiático no Mar da China Meridional.
O Livro Branco também reitera a reivindicação do Japão sobre a soberania das ilhotas de Dokdo (que Tóquio chama Takeshima), sob controle sul-coreano, e expressa a preocupação pelas atividades militares russas nas ilhas Curilas do Sul, dominadas por Moscou desde o final da II Guerra Mundial.