A jornalista filipina Maria Ressa, uma das principais críticas do regime de Rodrigo Duterte, foi presa nesta sexta-feira assim que desembarcou no aeroporto de Manila. Ressa foi acusada de violar as leis de nacionalização dos veículos de imprensa das Filipinas. “Eu queria pagar a fiança, mas me entregaram a ordem de prisão”, afirmou ela enquanto duas policiais a escoltavam.
O vídeo da segunda prisão da jornalista foi divulgado pelo site Rappler, comandado por Ressa. Escolhida como Pessoa do Ano pela revista americana Time em 2018, ela disse que queria ser levada ao tribunal de Pasig para pagar a fiança de 90.000 pesos ( 1,7 mil dólares). Por esse motivo, Ressa deve ser libertada nas próximas horas.
O promotor do tribunal de Pasig processou nesta semana os sete filipinos que faziam parte da direção do Rappler em 2016. Entre eles, Ressa e a atual editora-chefe do veículo, Glenda Gloria. Todos pagaram fiança e aguardam em liberdade o julgamento, que deve ser realizado no dia 10 de abril. Só Ressa ainda não teve resolvida a sua questão por estar em viagem ao exterior.
Ressa já passou uma noite na prisão em fevereiro passado em razão de um duvidoso caso de difamação cibernética. Desde o ano passado, ela responde por cinco processos por evasão de impostos, quatro como proprietária do Rappler e um em nível pessoal.
Esta será a sétima fiança que Ressa paga para ficar em liberdade, à espera do julgamento por todos esses crimes. A jornalista afirma ser vítima de perseguição política para silenciar o veículo comandado por ela e puni-la pelas reportagens críticas a Duterte, em particular à guerra contra as drogas promovida pelo presidente.
Duterte não esconde que não gosta do Rappler, que está proibido no palácio presidencial. Além disso, ele acusou o site de ser financiado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).
Nesta nova acusação, Ressa é denunciada por violar uma lei que determina que 100% dos veículos de comunicação do país sejam filipinos. O Código de Regulação de Valores proíbe a participação de estrangeiros em atividades nacionalizadas, como a imprensa. O Rappler recebeu financiamento da Omidyar Network, um fundo criado pelo empresário americano Pierre Omidyar, fundador e presidente do eBay. Por isso, a Comissão de Valores e Câmbio das Filipinas (SEC) decidiu revogar a licença do site no país.
O Rappler recorreu, e o Tribunal de Apelações permitiu que o site continuasse no ar. No entanto, determinou que a empresa de Ressa resolvesse a questão, dando razão ao SEC. Omidyar abriu mão de sua participação na empresa, avaliada em 1,4 milhão de dólares, e doou sua parte aos catorze diretores do site.
(Com EFE)