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Jornalista premiada pela Time deixa a prisão nas Filipinas

Escolhida uma das personalidades de 2018 pela revista, Maria Ressa, editora de um site crítico ao governo, foi detida acusada de difamação cibernética

Por EFE 14 fev 2019, 04h41

A jornalista filipina Maria Ressa, diretora do site Rappler, deixou, nesta quinta-feira 14, a prisão após o pagamento de fiança no valor de 1,9 mil dólares. Ela, que já foi eleita a pessoa do ano pela revista Time, passou a noite detida, acusada de difamação cibernética por um artigo publicado em 2012.

“A mensagem é clara. É um abuso de poder e usando a lei como uma arma. Eles cruzaram outra linha vermelha, mas se eles querem me assustar, este não é o caminho”, afirmou Ressa, hoje, aos veículos de imprensa quando seguia para o tribunal onde pagaria a fiança.

O trabalho da jornalista rendeu-lhe o reconhecimento internacional de militantes dos direitos humanos e fez com que Ressa fosse eleita uma das Pessoas do Ano da revista Time, dividindo o título de 2018 com figuras como o saudita Jamal Khashoggiem uma homenagem aos jornalistas que sofrem com a repressão à imprensa.

Nesta quarta-feira, Maria Ressa estava no escritório da Rappler – site bastante crítico ao governo do presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Escritório Nacional de Investigação chegaram na redação e lhe entregaram um mandato de prisão, onde a jornalista se entregou voluntariamente.

Embora o mandato tenha sido assinado por um juiz na última terça-feira, as autoridades entregaram o documento a ela ontem, no final da tarde, quando a maioria dos tribunais estavam a perto de fechar, com isso impedindo o pagamento da fiança, denunciaram pessoas próximas a Maria Ressa.

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Posteriormente, um tribunal de guarda desprezou o pagamento da fiança, por isso que a jornalista passou a noite detida.

O Departamento de Justiça apresentou cargos de “difamação cibernética” contra o site Rappler, Ressa – como diretora do meio – e o jornalista Reynaldo Santos, por uma história publicada por esse meio digital em maio de 2012, sobre o empresário Wilfredo Keng.

Até o momento, nenhum mandado de prisão foi emitido contra Santos, um jornalista investigativo que não trabalha mais no site.

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Três promotores do Departamento de Justiça decidiram no mês passado a favor de Keng, que em outubro de 2017 apresentou uma denúncia pela reportagem, onde ele era vinculado ao tráfico de drogas e de pessoas.

Keng apresentou sua queixa cinco anos depois da sua publicação na Divisão de Crimes Cibernéticos do Escritório Nacional de Investigação, que rejeitou o caso em fevereiro de 2018 por falta de base e porque já tinha passado o prazo de um ano para apresentar uma denúncia por difamação.

No entanto, o Departamento de Justiça reabriu o caso em março do mesmo ano, se baseando na tese de que a reportagem continua na rede.

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Porém, a Lei dos Crimes Cibernéticos da qual ela é acusada, entrou em vigor quatro meses após a sua publicação e não é retroativa, de acordo com o advogado de Maria Ressa, JJ Risini.

Este não é o único processo judicial que a jornalista enfrenta atualmente, já que em novembro do ano passado foi emitido um mandato de prisão por cinco crimes de evasão de impostos, contra a “Rappler” como empresa e contra ela, a título pessoal.

Ressa escapou da prisão com o pagamento de cinco fianças – a de hoje foi a sexta – e o caso está pendente de julgamento, embora a jornalista negue todas as acusações e denuncia que se trata de uma perseguição política do governo de Duterte.

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