Jornalista russo dado como morto na Ucrânia aparece vivo
Ucrânia encenou a morte de Arkadi Babchenk, opositor do regime russo, para evitar que ele fosse assassinado a mando de Moscou
O jornalista russo Arkadi Babchenko, dado como morto na noite de terça-feira (29) depois de um atentado, reapareceu hoje (30) durante entrevista coletiva em Kiev, na Ucrânia. O país explicou que encenou sua morte para frustrar um suposto plano de seu assassinato encomendado pela Rússia.
“Continuo ainda vivo”, disse o jornalista, que admitiu ter cooperado nos últimos dois meses com o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), em uma operação para evitar um atentado dos serviços secretos russos contra sua vida.
Segundo Vasyl Gritsak, diretor do SBU, o autor do suposto assassinato foi detido. O próprio Babchenko se ofereceu para participar da trama para neutralizar o atentado. “Graças a essa operação, conseguimos frustrar uma provocação cínica e documentar os preparativos desse crime pelos serviços especiais russos”, declarou Gritsak.
Badchenk é um forte crítico do governo russo e deixou o país em 2017 afirmando temer por sua vida. Em um post no Facebook, o jornalista criticou o apoio do Kremlin ao governo de Bashar Assad na guerra civil da Síria. Ele chamou a Rússia de agressora e a acusou de matar crianças. Logo após o post ele deixou o país.
Na terça-feira, a agência estatal ucraniana de notícias, Ukrinform, noticiou que Badchenck havia sido baleado nas costas e morrera na ambulância. A agência ainda citou um amigo do jornalista como testemunha e informou que sua esposa o encontrara caído em seu apartamento.
Na encenação, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groysman, acusou a Rússia de ter perpetrado a morte, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticava a Ucrânia por não ser um local seguro para jornalistas.
Pelo Twitter, as forças de segurança ucranianas confirmaram a tentativa de encontrar evidências de atividades terroristas por parte da Rússia em território ucraniano.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, criticou nesta quarta-feira o que chamou de “propaganda ucraniana”, mas disse estar feliz por Badchenck estar vivo.
O jornalista pediu desculpas a seus amigos e, principalmente, à sua esposa pela falsa morte. “Eu gostaria de pedir desculpas pelo que todos vocês tiveram que passar porque eu enterrei amigos e colegas muitas vezes, e sei que dá um sentimento de vômito enjoativo quando você tem que enterrar seus colegas”, ele disse. “Também gostaria de pedir desculpas à minha esposa pelo inferno que ela passou nesses dois dias. Olechka, me desculpe, mas não havia opções.”
(Com EFE e AFP)