Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Jovens libertados denunciam espancamentos e abusos do governo de Ortega

Repressão contra manifestações já deixou 212 mortos na Nicarágua, segundo Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Por AFP
Atualizado em 30 jul 2020, 20h17 - Publicado em 22 jun 2018, 21h42

Jovens nicaraguenses denunciaram nesta sexta-feira (22) espancamentos e abusos de forças paramilitares ao serem libertados, após sua detenção na onda de protestos contra o governo de Daniel Ortega.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou que a “ação repressiva do estado” na Nicarágua deixou 212 mortos em dois meses, em um relatório que apresentou ante o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington, no qual mencionou graves violações de direitos humanos por parte do governo.

Entre lágrimas e abraços de seus familiares, 15 jovens foram levados pela polícia para a catedral de Manágua e outros 11 ficaram livres em Masaya, 30 km ao sul da capital, um deles desde a noite de quinta-feira. Dois deles eram menores de idade.

Bayron Hernández, de 16 anos, relatou que foi detido por paramilitares encapuzados. “Tentei correr mas jogaram uma rajada e caí. Me espancaram e abriram minha cabeça com o (fuzil) AK”, descreveu na igreja San Miguel, em Masaya, onde foram entregues a um grupo de direitos humanos.

Evert Padilla, que esteve detido na prisão de El Chipote, em Manágua, contou que tinha participado dos protestos, mas foi preso em sua casa. “Romperam o cadeado da porta, levaram minhas coisas, me deitaram no chão, me seguraram à força”, disse o jovem, de 23 anos, na catedral de Manágua.

“O Estado da Nicarágua violou os direitos à vida, integridade pessoal, saúde, liberdade pessoal, reunião, liberdade de expressão e acesso à justiça”, afirma o relatório da CIDH.

Continua após a publicidade

Ao negar essas acusações, o chanceler da Nicarágua, Denis Moncada, anunciou na reunião que seu governo “rejeitava integralmente o relatório apresentado pela CIDH por considerá-lo subjetivo, tendencioso, preconceituoso e notoriamente parcial”.

“Continuamos com medo”

As libertações foram fruto de uma reunião na quinta-feira (21) entre uma comitiva de bispos católicos e o subdiretor da Polícia, Ramón Avellán, que se comprometeu a cessar as perseguições em Masaya.

Um dos libertados, que se identificou como Bismarck, revelou que a chegada dos bispos a Masaya o salvou após sofrer agressões físicas e assédio psicológico. “Senão eu seria mais um dos mortos”.

Essa cidade de artesãos e agricultores foi a mais atingida pela repressão de policiais e paramilitares, depois de se declarar em rebeldia na segunda-feira (18). Nesta sexta-feira permanecia em calma relativa.

Continua após a publicidade

“Está tranquilo, mas continuamos com medo de sair porque a qualquer momento isto volta a ficar tumultuado”, disse Daysi Mercado, uma costureira que perdeu seu emprego devido à crise.

Caminhonetes com tropas de choque com balaclavas e fuzis AK percorriam as ruas de Masaya, onde poucos moradores se atreviam a colocar suas tradicionais barracas de comida nas calçadas.

Na última semana aumentaram as incursões de policiais e civis encapuzados e armados em cidades como Estelí, Granada e Carazo.

O país da América Central mergulhou numa espiral de violência por protestos contra o governo que começaram em 18 de abril. Com o agravamento da crise, o governo de Daniel Ortega e a oposição tentam um diálogo político para encontrar uma solução pacífica.

Continua após a publicidade

Ex-guerrilheiro da revolução sandinista, Ortega, cujo terceiro mandato presidencial consecutivo termina em 2021, é acusado de nepotismo e de instaurar, com sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo, um governo autocrático e corrupto.

As manifestações contra o governo começaram contra uma reforma ao sistema de previdência social, mas se estenderam para pedir justiça pelas mortes de manifestantes e a saída do poder de Ortega.

O governo de Ortega também enfrenta uma crescente pressão internacional. Vários governos, incluindo o dos Estados Unidos, pediram o fim da repressão durante a sessão na OEA.

A Anistia Internacional e a Human Rights Watch advertiram que o governo não pode estar cometendo “sérias violações de direitos humanos e crimes” enquanto diz dialogar.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.