A Justiça do Reino Unido começou a examinar nesta segunda-feira, 24, o pedido de extradição do fundador do Wikileaks, Julian Assange, pela Justiça dos Estados Unidos, onde ele é acusado pela publicação de centenas de milhares de documentos confidenciais.
Em uma sala no tribunal de Woolwich, sudeste de Londres, cheia de simpatizantes de Assange, o australiano de 48 anos apareceu com um semblante calmo e atento. Ele tomou a palavra para confirmar sua identidade.
Considerado um paladino da liberdade de expressão por dezenas de seguidores, que se reuniram diante do edifício, o fundados do Wikileaks pode ser condenado a até 175 anos de prisão nos EUA por atuar como hacker e praticar espionagem.
Personagem polêmico, o australiano declarou em uma audiência preliminar que se negava a “submeter-se a uma extradição por um trabalho jornalístico que recebeu muitos prêmios e protegeu muitas pessoas”. Detido na prisão de segurança máxima de Belmarsh desde que foi expulso da embaixada do Equador em Londres, há dez meses, Julian Assange terá que comparecer durante toda a semana à Woolwich Crown Court. Depois, a audiência será retomada em 18 de maio, por três semanas.
Em um primeiro momento, ele foi acusado de hackear, mas em maio do ano passado a justiça americana apresentou 17 acusações adicionais com base na lei antiespionagem. Os simpatizantes de Assange denunciam que as acusações representam um grave perigo à liberdade de imprensa.
A Justiça dos Estados Unidos o acusa principalmente de ter colocado em perigo algumas de suas fontes ao publicar no Wikileaks, em 2010, 250.000 telegramas diplomáticos e meio milhão de documentos confidenciais sobre as ações do exército americano no Iraque e no Afeganistão.
Agora, a Justiça britânica precisa determinar se a demanda de extradição respeita vários critérios legais e, sobretudo, se não é desproporcional ou incompatível com os direitos humanos.
Na última audiência preliminar, na quarta-feira passada, a defesa de Julian Assange alegou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu indultar o australiano se ele negasse que a Rússia vazou e-mails que prejudicaram sua rival Hillary Clinton. A Casa Branca, no entanto, negou a alegação.
O Wikileaks publicou em 2016, em um momento crucial da campanha presidencial americana, milhares de e-mails hackeados do Partido Democrata e da equipe da então candidata Hillary Clinton, que a enfraqueceram na disputa pela Casa Branca.