Kamala Harris leva campanha democrata a estados-chave para eleições nos EUA
Visitas a Wisconsin e Michigan fazem parte da apresentação de Tim Walz, governador de Minnesota, escolhido como vice para a chapa democrata
A vice-presidente e candidata presidencial dos Estados Unidos, Kamala Harris, e seu colega de chapa, Tim Walz, participaram nesta quarta-feira, 7, de comícios em Wisconsin e no Michigan, estados-chave para alcançarem a vitória nas eleições em 5 de novembro. As visitas fazem parte de uma campanha introdutória do candidato a vice, o governador de Minnesota, que tem sido bem recebido pelos democratas.
Walz, que é veterano da Guarda Nacional do Exército, ex-treinador de futebol americano e ex-professor do ensino médio, acrescentou equilíbrio geográfico ao partido, que precisa ter um bom desempenho estadual para vencer o ex-presidente americano Donald Trump na corrida eleitoral. Durante a carreira de 12 anos no Congresso, ele venceu eleições em um distrito que outrora foi reduto dos republicanos e tem um histórico de atrair eleitores brancos rurais (um grupo que Trump costuma levar às urnas).
Ao falar no evento em Eau Claire, em Wisconsin, Walz enfatizou seu passado como professor e treinador de futebol e mirou Trump, dizendo que com seu projeto o republicano pretende restringir as liberdades do povo americano e beneficiar os mais ricos. Já Kamala afirmou que Trump “prometeu abertamente, se reeleito, se tornar um ditador desde o primeiro dia” e colocar o Departamento de Justiça contra seus inimigos.
Já em Detroit, Michigan, Walz disse que os republicanos tentam “acabar com a alegria” nos Estados Unidos e que tudo será “muito, muito pior” se Trump voltar à Casa Branca. Kamala falou sobre os enroscos jurídicos de Trump e a plateia respondeu com gritos de ordem para “prender” o republicano. A democrata, então, respondeu que seria melhor deixar isso para a Justiça e focar em apenas vencê-lo nas eleições de novembro.
Briga de vices
O companheiro de chapa de Trump, o senador J. D. Vance, também visitou Wisconsin e Michigan nesta quarta-feira. Em Detroit, o político de Ohio criticou Walz pela forma com que ele lidou com os protestos em Minneapolis, que eclodiram em 2020 após o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco. Segundo ele, o democrata demorou para mobilizar as autoridades para impedir saques, incêndios criminosos e a violência que acompanharam os protestos.
“Ele permitiu que manifestantes incendiassem Minneapolis”, acusou Vance.
O cotado a vice republicano também criticou o histórico militar de Walz, afirmando que ele abandonou o batalhão da Guarda Nacional um pouco antes de sua mobilização para o Iraque, em 2005. O democrata se aposentou do Exército para concorrer ao Congresso.
“Acho vergonhoso preparar sua unidade para ir ao Iraque, fazer uma promessa e depois desistir bem na hora de realmente ir”, disse Vance, que serviu no Corpo de Fuzileiros Navais e foi oficial de relações públicas durante um período de seis meses no Iraque.
Logo após o anúncio da entrada de Walz na campanha, Trump e Vance retrataram o democrata como “esquerdista” e criticaram Kamala por sua decisão. Em uma entrevista à emissora americana Fox News, o ex-presidente afirmou que o governador de Ohio é um liberal radical, acrescentando que estava “animado” por Kamala tê-lo escolhido. Ele acrescentou que gostaria que a emissora sediasse o próximo debate presidencial, que ele propôs marcar para 4 de setembro.
Sua rival, por sua vez, acusou Trump de tentar desistir do debate já marcado com a televisão ABC em 10 de setembro.
Estados-chave
O Partido Democrata considera Wisconsin e Michigan vitórias obrigatórias nestas eleições. Ambos são swing states – aqueles em que ora os eleitores votam nos democratas, ora nos republicanos – e têm se destacado para a legenda desde que Hillary Clinton, candidata à presidência em 2016, foi derrotada nesses estados, ajudando a garantir a vitória de Trump.
Antes de abandonar a corrida presidencial, pesquisas indicavam que o presidente americano, Joe Biden, enfrentaria uma batalha acirrada em Michigan, estado que ganhou em 2020, enquanto Trump aparecia à sua frente na maioria dos estados-chave. De acordo com levantamento feito logo após Kamala anunciar sua campanha, ela ainda ficava atrás de Trump em quatro swing states importantes para o pleito deste ano: Arizona, Geórgia, Michigan e Pensilvânia. Em Wisconsin, os dois estão empatados.
Kamala e Walz devem viajar para outros estados que podem determinar o vencedor das eleições. Atualmente, o objetivo da campanha é projetar nacionalmente o rosto do desconhecido vice. No primeiro comício da dupla na terça-feira 6, na Filadélfia, Kamala dedicou grande parte do discurso para destacar a história do governador – e o eleitorado parece ter recebido bem. Desde que a chapa democrata anunciou Walz como escolha, mais de 20 milhões de dólares foram arrecadados.