Depois de uma investigação jornalística acusar a agência de inteligência militar russa de estar por trás da misteriosa “Síndrome de Havana“, que tem afetado diplomatas e espiões dos Estados Unidos em todo o mundo, o Kremlin negou todas as alegações nesta segunda-feira, dia 1º, chamando-as de “infundadas” e “sem evidências”.
A investigação
Na madrugada de segunda-feira, o Insider, um portal de notícias investigativo com foco na Rússia e com sede em Riga, capital da Letônia, informou que membros de um braço da Diretoria Principal de Inteligência da Rússia (GRU), conhecida como Unidade 29155, haviam sido posicionados nos locais onde ocorreram incidentes de saúde envolvendo funcionários do governo americano.
A reportagem do Insider, que durou um ano, em colaboração com o programa jornalístico 60 Minutes, da emissora americana CBS News, e o jornal alemão Der Spiegel, também informou que altos funcionários da Unidade 29155 receberam recompensas e promoções por trabalhos relacionados ao desenvolvimento de “armas ultrassônicas não letais”.
O Insider acrescentou que o uso da doença como arma ocorreu pela primeira vez em 2014, em Frankfurt, na Alemanha, “quando um funcionário do governo dos Estados Unidos no consulado local foi nocauteado por algo semelhante a um forte feixe de energia”.
“Acusações infundadas”
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta segunda-feira que, além da imprensa “exagerar” quando se trata da suposta “Síndrome de Havana”, as acusações contra o governo russo eram “infundadas”.
“Este não é um tema novo; durante muitos anos o a chamada ‘Síndrome de Havana’ foi exagerada na imprensa, e desde o início esteve ligada a acusações contra o governo russo”, disse Peskov disse a repórteres quando questionado sobre a reportagem do Insider.
“Mas ninguém jamais publicou ou expressou qualquer evidência convincente dessas acusações infundadas em lugar nenhum”, completou. “Portanto, tudo isso nada mais é do que acusações infundadas e infundadas da mídia”.
O que é a “Síndrome de Havana”?
Em 2016, vários funcionários da embaixada dos Estados Unidos na capital cubana, Havana, relataram terem ficado doentes, com sintomas que incluíam enxaquecas, náuseas, lapsos de memória e tonturas. Desde então, uma série de outros diplomatas e espiões americanos afirmaram terem sofrido da mesma enfermidade.
Para lidar com o problema, em 2021, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei de Havana, autorizando o Departamento de Estado, a CIA e outras agências governamentais a fornecerem pagamentos a funcionários e suas famílias afetadas pela doença misteriosa. No entanto, uma investigação da inteligência americana, cujas conclusões foram divulgadas no ano passado, concluiu que era “muito improvável” que um adversário estrangeiro fosse responsável pela doença.