Kremlin pode deixar opositor russo Navalny preso por mais 30 anos
Maior crítico de Vladimir Putin, já atrás das grades, Alexei Navalny recebeu uma nova acusação, agora de terrorismo
O líder da oposição da Rússia, Alexei Navalny, que está preso em Moscou, recebeu uma acusação adicional de terrorismo pelo Kremlin nesta quarta-feira, 26, que poderia deixá-lo mais 30 anos atrás das grades. Segundo o opositor russo, o caso é “absurdo”.
O ex-advogado ganhou notoriedade entre a elite russa expondo uma vasta rede de corrupção do governo do presidente Vladimir Putin. Agora, ele cumpre sentenças combinadas de 11 anos e meio de prisão por fraude e desrespeito ao tribunal, sob acusações que ele diz terem sido forjadas para censurar suas opiniões.
Navalny compareceu a um tribunal de Moscou via chamada de vídeo, vestido com uma jaqueta preta de presidiário, e parecendo magro. Essa foi a primeira vez que ele foi visto em público desde que seus advogados disseram no início deste mês que ele estava sofrendo de dor de estômago na prisão, suspeitando de algum tipo de veneno de ação lenta. O preso sorriu e brincou com os repórteres durante a chamada.
“Eles fizeram acusações absurdas, segundo as quais eu enfrento 30 anos de prisão”, disse Navalny em comunicado divulgado por seus apoiadores.
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O Serviço Federal de Segurança da Rússia, principal sucessor da KGB da era soviética, disse que opositores do Kremlin e apoiadores da Ucrânia de um grupo criado por Navalny estavam por trás do assassinato de Vladlen Tatarsky, um famoso blogueiro de guerra, em um café em São Petersburgo. Porém, ainda não está claro a que se refere a nova acusação de terrorismo.
Navalny argumenta que é “absurdo” dizer que ele cometeu terrorismo enquanto estava na prisão. O caso será julgado por um tribunal militar.
O preso ganhou admiração da oposição russa quando voltou ao país depois de ser tratado na Alemanha de uma suspeita de envenenamento na Sibéria em 2020. O Kremlin negou ter tentado matar Navalny e disse que não havia evidências de que ele foi realmente envenenado.
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Os apoiadores de Navalny acreditam que ele é uma figura parecida com Nelson Mandela, da África do Sul, que um dia sairá da prisão para liderar seu país. Porém, o governo de Putin acredita que essas pessoas são extremistas com ligações com forças internacionais – leia-se, os Estados Unidos – com o objetivo de desestabilizar a Rússia. O movimento em apoio ao ex-advogado foi perseguido e muitos membros tiveram que fugir para o exterior.
Os tribunais e serviços de segurança russos estão intensificando a luta contra supostos inimigos, espiões e traidores na medida em que as eleições do país, nas quais Putin deve concorrer, se aproximam. De acordo com a agência estatal russa TASS, nesta quarta-feira, 26, 11 pessoas foram colocadas em uma “lista internacional de procurados” em um caso ligado a Navalny.