Lenín Moreno toma posse no Equador
Presidente pretende aprofundar o modelo governista de Rafael Correa
Lenín Moreno tomou posse como presidente do Equador nesta quarta-feira, após uma acirrada eleição que gerou contestações da oposição e pedidos de recontagem de seu sucessor. A cerimônia foi assistida por chefes de Estado e de Governo, entre eles, os da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Guatemala e Peru. O Brasil ficou de fora da cerimônia. Na ocasião, Moreno também nomeou o seu ministério.
O recém-empossado presidente foi vice do governo de Rafael Correa, que permaneceu no poder por dez anos. Moreno pretende utilizar o modelo esquerdista de Correa e inspirar-se no socialismo do século XXI durante seu mandato.
“Foram dez anos como testemunha da construção de caminhos, pontes, portos e aeroportos (…) dez anos de recuperação da auto-estima e do sentimento de pertencimento dos equatorianos. Este processo tem um nome: revolução cidadã”, disse Moreno em seu primeiro discurso como presidente.
Moreno, 64 anos, é formado em administração pública e sofre de paraplegia em decorrência de um tiro que recebeu em um assalto em 1998. Ele é a primeira pessoa com deficiência a assumir a Presidência equatoriana. Como vice, Moreno estimulou o crescimento do projeto para portadores de necessidades especiais, intitulado “Missão Solidária Manuela Espejo”. A mudança gerada por seu programa social lhe valeu a nomeação em 2014 de enviado especial do secretário da ONU sobre Deficiência e Acessibilidade.
Crise econômica
De acordo com dados oficiais, a dívida externa do governo do equador subiu 150% na última década e hoje atinge 25,6 bilhões de dólares (equivalente a cerca de 84 bilhões de reais). Além disso, a economia encolheu 1,5% em 2016.
Para o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACS, O) em Quito, as perspectivas para Moreno “são difíceis, especialmente sobre a situação econômica”, que levou o país à recessão nos últimos trimestres.
A oposição recuperou terreno na última eleição, aumentando sua presença no Parlamento, onde o governo deixa de ter a maioria qualificada de dois terços para reformar a Constituição. O oficialismo dispõe agora de uma maioria frágil de 74 cadeiras, contra 100 do período 2013-2017.
(Com agência AFP)