O ex-presidente catalão Carles Puigdemont criticou nesta segunda-feira o governo espanhol, em seus primeiros comunicados depois de ganhar liberdade condicional neste domingo na Bélgica junto de quatro ex-ministros da Catalunha. Por meio do Twitter e de artigo publicado pelo jornal britânico The Guardian, o político acusou Madri de cometer um “ataque judicial brutal” contra as lideranças catalãs, oito das quais permanecem detidas na capital da Espanha.
Puigdemont afirma que o governo espanhol agiu de forma “arbitrária, não democrática e, na minha visão, fora da lei” na dissolução do Parlamento catalão. Madri, escreveu o político, “cometeu um ataque judicial brutal ao prender e criminalizar candidatos por promoverem ideias que, apenas dois anos atrás, conquistaram níveis históricos de apoio popular”.
“Em liberdade e sem fiança. Nossa solidariedade aos companheiros injustamente presos por um Estado afastado da prática democrática”, tuitou Puigdemont, de Bruxelas. Ele e os quatro integrantes do governo destituído por Madri tiveram seus passaportes retidos, não podem deixar a Bélgica sem autorização e, como parte das medidas cautelares, precisam informar o local de domicílio no país. A primeira audiência do grupo diante da Justiça belga foi marcada para o dia 17 de novembro, segundo informa o jornal espanhol La Vanguardia.
O governo da Espanha manifestou nesta segunda-feira “máximo respeito” pela decisão das autoridades judiciais da Bélgica em deixar Puigdemont e os outros oficiais em liberdade condicional. “Por parte do governo, e dado que estamos falando de um sistema tão democrático como o espanhol, temos o máximo respeito pelas decisões dos juízes na Espanha, na Bélgica e em todos os Estados que respeitam a separação de poderes e a independência judicial”, disse nesta segunda-feira a vice-premiê espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría.
O caso envolvendo as autoridades catalãs tem provocado rusgas dentro do governo de coalizão belga. O ministro de Interior do país, o nacionalista flamengo Jan Jambon, criticou a ação do Executivo espanhol de Mariano Rajoy de processar criminalmente os políticos da Catalunha. “O que fizeram de errado? Eles apenas executaram o mandato que receberam dos eleitores”, disse Jambon em entrevista à rede de televisão flamenga VTM.
Por sua vez, o ministro belga das Relações Exteriores, o francófono Didier Reynders, criticou as declarações de seu companheiro de governo, a quem pediu para que “deixe a Justiça trabalhar” e que pare de acreditar “que poderá influir no que acontece na Espanha”.”É preciso deixar a Justiça belga e a Justiça espanhola fazerem seu trabalho”, indicou Reynders, alegando que “este é um caso que diz respeito, sobretudo, à Espanha”, informou a agência EFE.
(Com EFE)