O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, acusou Israel de cometer “genocídio coletivo” em Gaza durante um discurso em uma cúpula de líderes de países muçulmanos e árabes na capital Riad na segunda-feira 11.
“O Reino renova sua condenação e rejeição categórica do genocídio cometido por Israel contra o povo palestino irmão”, disse o líder da Arábia Saudita, conhecido por suas iniciais MBS, em uma das críticas mais duras feitas por autoridades sauditas a Israel desde o início da guerra em Gaza, no ano passado.
MBS também condenou os ataques israelenses ao Líbano e ao Irã, instando a comunidade internacional a “obrigar Israel a respeitar a soberania do Irã e a não atacar os territórios (iranianos)”. A fala faz grande contraste com as declarações do príncipe em 2017, quando comparou o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, a Adolf Hitler.
Apesar da Arábia Saudita se opor fortemente às milícias apoiadas pelo Irã, como o Hezbollah e o Hamas, o país restaurou os laços com o Teerã no ano passado após décadas de hostilidade e disputa por influência regional.
Ao todo, mais de 43 mil pessoas foram mortas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Ao menos 3,3 milhões de palestinos, 2,3 milhões deles em Gaza e 1,5 milhão deles crianças, precisam de assistência humanitária urgente, de acordo com levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Cúpula em Riad
Os líderes da Liga Árabe, organização composta por 22 países, e da Organização de Cooperação Islâmica, que reúne mais de 50 Estados muçulmanos, presentes na cúpula em Riad também condenaram o que descreveram como “ataques contínuos” de Israel contra funcionários e instalações das Nações Unidas em Gaza.
O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al Saud, sublinhou que o fato da guerra em Gaza ainda não ter sido interrompida é uma “falha da comunidade internacional”, acusando Israel de ser responsável pela fome do povo palestino.
O objetivo da cúpula, que reuniu o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o primeiro-ministro interino libanês, Najib Mikati, o rei Abdullah II da Jordânia e o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, era “unificar posições” e “exercer pressão” sobre a comunidade internacional para tomar medidas para “estabelecer uma paz duradoura” na região, de acordo com a agência de notícias do governo saudita.