Líder do cartel mexicano de Sinaloa e filho de ‘El Chapo’ são presos nos EUA
Operação policial no Texas, perto da fronteira com o México, investigava 'redes mortais de fabricação e tráfico de fentanil'
O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, afirmou nesta sexta-feira, 26, que uma operação policial no Texas prendeu duas figuras lendárias da rede de produção e tráfico de drogas no México: Ismael “El Mayo” Zambada, 76, o suposto cofundador e líder do poderoso cartel de Sinaloa, e Joaquín Guzmán López, 38, filho do infame cofundador e ex-chefe do cartel, Joaquin “El Chapo” Guzman, 69, que já cinco anos foi condenado à prisão perpétua em território americano.
Tanto Zambada quanto Guzmán López enfrentam várias acusações por liderar as operações criminosas do cartel, incluindo suas “redes mortais de fabricação e tráfico de fentanil”, disse Garland. Os dois foram atraídos à fronteira e presos por agentes do FBI.
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“O fentanil é a ameaça de drogas mais mortal que nosso país já enfrentou, e o Departamento de Justiça não descansará até que cada líder, membro e associado do cartel responsável por envenenar nossas comunidades seja responsabilizado”, disse Garland, referindo-se à substância que provocou uma epidemia de vício em opioides nos Estados Unidos.
A operação
A operação para capturar os chefões do tráfico os enganou para viajar de avião aos Estados Unidos sob falsos pretextos, segundo a emissora americana CNN. Zambada e Guzmán López embarcaram em uma aeronave achando que iam inspecionar uma propriedade no México, mas na verdade acabaram na cidade texana de El Paso.
Autoridades americanas tentavam capturar Zambada há anos e, em 2021, aumentaram a recompensa por informações que levassem à sua prisão para US$ 15 milhões. O diretor do FBI, Christopher Wray, declarou que o chefe do cartel de Sinaloa e Guzmán López “escaparam da polícia por décadas” e “agora enfrentarão a justiça nos Estados Unidos”.
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De acordo com Wray, a dupla supervisionou o tráfico de “dezenas de milhares de libras de cocaína, heroína, metanfetamina e fentanil para os Estados Unidos, juntamente com a violência relacionada (às drogas e ao tráfico)”. Já a chefe da Administração de Repressão às Drogas (a famosa DEA, na sigla em inglês), Anne Milgram, disse que as prisões atingem “o coração do cartel responsável pela maioria das drogas, incluindo fentanil e metanfetamina, matando americanos de costa a costa”.
Embora não esteja claro quais serão os próximos passos dos suspeitos criminosos, a mídia americana reportou que um avião do Departamento de Justiça que é frequentemente usado para extradições foi de El Paso para Chicago na manhã desta sexta-feira.
Cartel poderoso
O Cartel de Sinaloa, nomeado em homenagem ao estado mexicano onde a gangue foi formada no final dos anos 1980, é um dos grupos criminosos mais poderosos do mundo, arrecadando bilhões de dólares anualmente. Guzmán, mais conhecido como “El Chapo”, era o notório chefe do cartel até ser preso na Guatemala, em 1993, por homicídio e tráfico de drogas e extraditado para o México. Conseguiu escapar da prisão mexicana em 2001, supostamente subornando guardas da prisão. Foi detido novamente em 2014, mas escapou mais uma vez, por um túnel. Em 2016, foi preso pela terceira e última vez e depois extraditado para os Estados Unidos.
Em um grande julgamento em 2018, “El Chapo” foi considerado culpado por um júri federal em Nova York e condenado à prisão perpétua. As acusações contra ele incluíam envolvimento em uma empresa criminosa, conspiração para lavar lucros de narcóticos, distribuição internacional de cocaína, heroína e maconha e uso de armas de fogo.
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Durante o julgamento, os advogados de Guzmán argumentaram que Zambada era o verdadeiro chefão do cartel – que subornou o governo mexicano para incriminar “El Chapo” e permanecer livre para comandar a organização criminosa. Na mais recente de uma série de indiciamentos nos Estados Unidos contra ele, Zambada foi acusado em fevereiro de conspirar para fabricar e distribuir fentanil, um opioide sintético extremamente potente que matou dezenas de milhares de americanos em uma epidemia de overdoses.
Seu filho, Vicente Zambada Niebla, admitiu durante depoimento no julgamento de Guzman em 2018 ter passado ordens de assassinatos e sequestros. Ele começou a cooperar com o governo americano em 2011, auxiliando autoridades a atingir membros do cartel de Sinaloa e uma gangue rival.