O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, afirmou que o então líder da milícia libanesa Hezbollah, Hassan Nasrallah, havia concordado com um cessar-fogo de 21 dias pouco antes da sua morte em um ataque de Israel a Beirute, na semana passada. Em entrevista à emissora americana CNN, que foi ao ar na quinta-feira, 3, o chanceler alegou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também tinha consentido com a proposta.
“Nós concordamos completamente. O Líbano concordou com um cessar-fogo, mas consultando o Hezbollah. O presidente da (Câmara Libanesa), Sr. Nabih Berri, consultou o Hezbollah e nós informamos os americanos e os franceses sobre o que aconteceu. E eles nos disseram que o Sr. Netanyahu também concordou com a declaração que foi emitida por ambos os presidentes (Joe Biden, dos Estados Unidos, e Emmanuel Macron, da França)“, afirmou ele.
“Eles nos disseram que o Sr. Netanyahu concordou com isso e então também obtivemos o acordo do Hezbollah sobre isso e você sabe o que aconteceu desde então”, acrescentou Habib.
Após a entrevista, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, explicou que não poderia confirmar a informação, dizendo: “Não posso falar se ele concordou com isso e contou a alguém dentro do Líbano. Obviamente, isso pode ser algo que aconteceu e não estaríamos cientes. Posso dizer que, se for verdade, nunca nos foi comunicado de nenhuma forma ou maneira”.
A pausa nas hostilidades no Oriente Médio já havia sido alvo de pedidos de Biden durante a 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana passada, antes do assassinato de Nasrallah. Em discurso na ONU, o último do seu mandato, o democrata apelou que era “a hora das partes finalizarem seus termos, trazerem os reféns para casa e garantirem a segurança de Israel e Gaza livre do Hamas, aliviar o sofrimento em Gaza e acabar com esta guerra.”
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Sequência de mortes
A morte de Nasrallah foi confirmada pela milícia libanesa no último sábado, 27, um dia após Israel ter anunciado um ataque à “sede central” do Hezbollah em Beirute, capital do Líbano. O episódio foi definido pelo grupo como um “traiçoeiro ataque aéreo sionista nos subúrbios do sul”. Na mesma semana, Israel também matou o chefe da forças áreas do Hezbollah, Muhammad Hossein Sarur.
Em meio à escalada da violência em Beirute, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a morte de Zahi Yaser Abd al-Razeq Oufi, chefe do grupo palestino Hamas encarregado por Tulcarém, cidade na Cisjordânia, nesta quarta-feira, 3. Na véspera, Hassan Ja’far al-Qasir, genro de Nasrallah, foi morto em Damasco, na Síria.
Israel lançou os ataques aéreos mais intensos contra o Líbano desde a guerra de 2006. Foi o estopim de meses de trocas de disparos, desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro do ano passado, quando a milícia libanesa iniciou ataques em solidariedade ao povo palestino.