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Líder yanomami ganha prêmio conhecido como ‘Nobel alternativo’

Davi Konpenawa foi condecorado pelo Right Livelihood Foundation, entregue em Estocolmo

Por EFE 5 dez 2019, 02h37
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  • O Right Livelihood Award, mais conhecido como Prêmio Nobel Alternativo, homenageou nesta quarta-feira em sua cerimônia de entrega, em Estocolmo, a luta saarauí e o ativismo climático, feminista e indígena, este último através do líder Davi Kopenawa, do povo Yanomami.

    Kopenawa esteve presente no evento no Cirkus, um tradicional espaço de eventos na capital da Suécia, ao lado da defensora dos direitos humanos Aminatou Haidar, do Saara Ocidental, enquanto os outros vencedores, a jovem ativista ambiental sueca Greta Thunberg e a advogada chinesa Guo Jianmei, se ausentaram.

    Todos eles receberam 1 milhão de coroas suecas cada, o equivalente a 440 mil reais, e uma escultura feita para a ocasião pelo britânico Tony Cragg usando metal fundido de armas ilegais apreendidas em El Salvador assim como os outros dois homenageados do dia.

    Greta está em Lisboa, rumo a Madri, para participar da Cúpula do Clima, enquanto Guo informou à organização que não participaria, sem entrar em detalhes sobre a razão.

    “A luta continua, não vamos parar”, disse a jovem sueca, idealizadora de greves escolares conhecidas como “Sexta-feira para o futuro”, em uma pequena mensagem de vídeo na qual agradeceu a honraria.

    Pressão sobre o governo brasileiro

    Kopenawa apelou à sociedade mundial para forçar o governo brasileiro a urgentemente expulsar os garimpeiros e delimitar as terras de outros povos indígenas, como aconteceu com os Yanomami.

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    Uma campanha internacional encabeçada pelo líder indígena e pela ONG Survival International levou à demarcação de mais de 96 mil quilômetros quadrados em 1992, depois que um quinto da população foi dizimada por garimpeiros, que agora voltaram.

    “Invadem e destroem a nossa terra, poluem os nossos rios e matam os nossos peixes com o seu mercúrio. Estamos morrendo, doentes de malária, tuberculose, oncocercose, câncer, gripe, sarampo e doenças sexualmente transmissíveis”, denunciou em discurso no idioma yanomami.

    Através da ativista sino-americana Karin Tse, encarregada de ler seu discurso, Guo, por sua vez, destacou os avanços obtidos na proteção dos direitos das mulheres na China com várias organizações nas últimas duas décadas, embora tenha lamentado que ainda existam “imensos desafios e dificuldades”.

    A falta de diálogo com as autoridades, a ignorância das questões de gênero e a falta de financiamento dificultam uma luta em que a ativista, considerada uma das advogadas de direitos humanos mais reconhecidos de seu país, tem sido pioneira.

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    Ameaça de conflitos armados

    No seu discurso em árabe, Haidar atacou o Marrocos por não reconhecer os direitos do povo saarauí, mas também a Espanha, que, em sua visão, não assumiu a responsabilidade com a antiga colônia; a França, por “proteger e apoiar Rabat”; e a ONU, que ao não aplicar as suas resoluções, se tornou a garantia do status quo.

    O fundador e presidente do Coletivo dos Defensores Saarauís dos Direitos Humanos (Codesa) acusou ainda a União Europeia de um contínuo saque dos recursos naturais do Saara Ocidental em cumplicidade com autoridades marroquinas.

    “Estão nos fazendo renunciar à luta pacífica porque não nos deixam outra saída. É o que mais receio: que os saarauís sejam obrigados a pegar em armas de novo para defender os seus direitos devido à indiferença da comunidade internacional”, alertou.

    Edward Snowden

    A cerimônia contou com a presença, por videoconferência, do ex-analista da CIA Edward Snowden, exilado há seis anos na Rússia por revelar um esquema de vigilância em larga escala das autoridades dos Estados Unidos e ganhador do Prêmio Nobel Alternativo em 2014.

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    Snowden lembrou que não foi uma decisão fácil, mas não se arrependeu, mesmo que nenhum governo europeu tenha protegido-o contra uma ordem de extradição do governo americano, onde enfrentaria um julgamento extraordinário e a possibilidade de prisão perpétua.

    O diretor da fundação, Ole von Uexküll, lembrou que os prêmios homenagearam 178 pessoas de 70 países, chamadas por ele de “ponta do iceberg dos movimentos sociais e motores da mudança”. Por outro lado, ele admitiu temer a falta de ação global contra a crise climática.

    Foi seu pai, o ex-deputado sueco-alemão Jakob von Uexküll, que instituiu a honraria em 1980, um ano depois que a Fundação Nobel rejeitou a sua ideia de um prêmio ambiental e outro que promovesse o conhecimento nos países pobres. EFE

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