Após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, conquistar um quinto mandato como chefe do Kremlin com esmagadores 87% dos votos, de acordo com levantamentos locais, uma série de líderes mundiais denunciaram que as eleições foram “ilegítimas” e “falsas”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou um vídeo no X, antigo Twitter, criticando o “ditador russo” por “imitar” um pleito presidencial, enfatizando que a invasão do território ucraniano pelas forças de Moscou teve o objetivo de assegurar o “poder eterno” a Putin.
“Todos no mundo entendem que esta pessoa, como muitas outras ao longo da história, ficou doente com o poder e não irá parar diante de nada para governar para sempre”, disse ele. “Não há mal que ele não faria para manter seu poder pessoal. E ninguém no mundo está protegido disso.”
These days, the Russian dictator imitates another "elections." Everyone in the world understands that this person, like many others throughout history, has become sick with power and will stop at nothing to rule forever.
There is no evil he would not do to maintain his personal… pic.twitter.com/zu1see37kl
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 17, 2024
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, disse: “As eleições obviamente não são livres nem justas, dada a forma como Putin prendeu adversários políticos e impediu que outros concorressem contra ele”. Já o o secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, disse que as eleições foram “ilegais” porque “privaram os eleitores de uma escolha e (não tiveram) nenhum monitoramento independente da OSCE”, referindo-se à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, órgão voltado para a promoção da democracia, direitos humanos e liberdade de imprensa no Velho Continente.
O chefe da diplomacia francesa, Stéphane Séjourné, declarou que a reeleição de Putin ocorreu num contexto de repressão no seio da sociedade civil, e que as condições para uma eleição livre e democrática não foram respeitadas. O ministério das Relações Exteriores da França também elogiou em comunicado a coragem dos “muitos cidadãos russos que protestaram pacificamente contra este ataque aos seus direitos políticos fundamentais”.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também afirmou que “as eleições não foram livres nem justas”, enquanto o chanceler da República Checa, Jan Lipavsky, foi além ao classificar o pleito como uma “farsa e paródia”.
“Estas foram as eleições presidenciais russas que mostraram como este regime reprime a sociedade civil, os meios de comunicação independentes e a oposição”, disparou Lipavsky.
Clube dos autocratas
Alguns dos aliados da Rússia, por outro lado, parabenizaram Putin pela sua vitória e disseram esperar que as relações amistosas entre os seus países continuem. Pequim felicitou o presidente russo, dizendo que “a China e a Rússia são os maiores vizinhos e parceiros cooperativos estratégicos abrangentes na nova era”. O líder do país, Xi Jinping, afirmou querer uma comunicação estreita com Moscou para promover a sua parceria.
“Sua reeleição é uma demonstração completa do apoio do povo russo a você”, disse Xi, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua News. “Acredito que sob a sua liderança, a Rússia certamente será capaz de alcançar maiores conquistas no desenvolvimento e construção nacional.”
Enquanto isso, o líder sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou: “O povo sérvio acolheu com alegria a vitória do presidente Putin, pois vê nele um grande estadista e um amigo com quem podemos sempre contar e que zelará pelo nosso povo”. Na América Latina, o mandatário da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que “nosso irmão mais velho triunfou, o que é um bom presságio para o mundo”.