Demonstrando controle total do Partido Republicano na marcha eleitoral, o ex-presidente Donald Trump derrotou a vice-presidente Kamala Harris nesta quarta-feira, 6, e voltará à Casa Branca quatro anos após sua derrota eleitoral para Joe Biden.
Vitorioso nos chamados swing states, ou estados-pêndulo, capazes de oscilar a contagem de votos do Colégio Eleitoral, Trump deixou Kamala sem saídas viáveis para reverter a desvantagem, ultrapassando os 270 delegados necessários para chegar à Casa Branca.
Líderes mundiais foram rápidos em parabenizar a vitória do republicano, que tem uma postura isolacionista na política externa. Espera-se que Trump siga na linha do primeiro mandato nesse campo, dando pouca atenção ao que não diz respeito diretamente aos EUA e interferindo sem disfarces no que afeta o país — estratégia que deve comprometer alianças com entidades como a Otan, levar a um corte na ajuda militar à Ucrânia no esforço de guerra contra a Rússia e reforçar a posição de dureza do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Bibi foi rápido em comemorar, afirmando que o retorno de Trump à Casa Branca significa um “poderoso” novo compromisso com a aliança Israel-EUA.
“Caros Donald e Melania Trump, parabéns pelo maior retorno da história! Seu retorno histórico à Casa Branca oferece um novo começo para a América e um poderoso novo compromisso com a grande aliança entre Israel e a América. Essa é uma grande vitória! Em verdadeira amizade, seus Benjamin e Sara Netanyahu”, escreveu ele.
Atento às consequências que a eleição americana terá para seu país, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, relembrou uma reunião recente com Trump e agradeceu o comprometimento do novo líder americano com a paz global (em seu discurso de vitória, ele prometeu “parar as guerras”).
“Agradeço o comprometimento do presidente Trump com a abordagem de ‘paz pela força’ nos assuntos globais. Esse é exatamente o princípio que pode praticamente aproximar a paz justa na Ucrânia. Tenho esperança de que o colocaremos em ação juntos. Estamos ansiosos por uma era dos EUA fortes sob a liderança decisiva do presidente Trump”, afirmou. “Contamos com o forte apoio bipartidário contínuo para a Ucrânia nos Estados Unidos. Estamos interessados em desenvolver uma cooperação política e econômica mutuamente benéfica que beneficiará ambas as nossas nações”, completou.
De olho nos próximos passos para a aliança, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que parabenizou o presidente eleito dos EUA e que “sua liderança será novamente a chave” para manter o grupo forte. Em tom quase de pensamento positivo, também disse estar “ansioso para trabalhar com ele novamente para promover a paz com o uso da força por meio da Otan”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por sua vez, disse que a União Europeia e os Estados Unidos “são mais do que apenas aliados, estamos ligados por uma verdadeira parceria entre nossos povos, unindo 800 milhões de cidadãos”. As tarifas que Trump aplicou às exportações de aço e alumínio durante seu último mandato agitaram a economia do bloco.
“Vamos trabalhar juntos em uma parceria transatlântica que continue a valer a pena para nossos cidadãos. Milhões de empregos e bilhões em comércio e investimento em cada lado do Atlântico dependem do dinamismo e da estabilidade de nossa relação econômica”, declarou.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também estendeu os parabéns ao presidente eleito dos EUA, falando em fortalecer a parceria entre os dois países.
“Os mais sinceros parabéns, meu amigo Donald Trump, por sua histórica vitória eleitoral. À medida que você se baseia nos sucessos de seu mandato anterior, espero renovar nossa colaboração para fortalecer ainda mais a Parceria Global e Estratégica Abrangente Índia-EUA. Juntos, vamos trabalhar pela melhoria de nosso povo e para promover paz, estabilidade e prosperidade globais”, disse Modi.
Da Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban, a quem por vezes Trump é comparado pelo desdém a valores democráticos, também chamou a ocasião de “o maior retorno da história política dos EUA” e disse que a vitória do americano era “muito necessária para o mundo”. Já Emmanuel Macron, presidente da França, deixou mais claro que tem diferenças com o republicano, mas afirmou estar pronto para trabalhar em conjunto com ele.
“Parabéns, presidente Donald Trump. Prontos para trabalhar juntos como fizemos por quatro anos — com suas convicções e as minhas. Com respeito e ambição. Por mais paz e prosperidade”, declarou o líder francês.
Também em tom resignado, o chanceler alemão, Olaf Scholz, reiterou a história dos laços com os Estados Unidos ao comentar a vitória do republicano.
“Por muito tempo, a Alemanha e os EUA têm trabalhado juntos com sucesso promovendo prosperidade e liberdade em ambos os lados do Atlântico. Continuaremos a fazê-lo para o bem-estar dos nossos cidadãos”, disse ele em uma publicação no X, antigo Twitter.