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Livre comércio UE-Mercosul depende de Brasil continuar no Acordo de Paris

Emmanuel Macron esquiva-se de mencionar Jair Bolsonaro, que declara-se contra os compromissos do país sobre mudança climática

Por Da Redação
Atualizado em 29 nov 2018, 18h34 - Publicado em 29 nov 2018, 18h22
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  • O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou nesta quinta-feira (29), em Buenos Aires, que a possibilidade de seu governo aprovar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul dependerá da posição do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, sobre o Acordo de Paris sobre a Mudança do Clima.

    Bolsonaro declarou, durante sua campanha eleitoral, que retiraria o Brasil do tratado. Na quarta-feira (28), ele pressionou o Itamaraty a anunciar a desistência do país em sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de novembro de 2019, a COP-25. O futuro mandatário alegou não querer retirar o Brasil das negociações da COP em um evento justamente organizado pelo país.

    “Não podemos pedir aos agricultores e trabalhadores franceses que mudem seus hábitos de produção para liderar a transição ecológica e assinar acordos comerciais com países que não fazem o mesmo. Queremos acordos equilibrados”, disse Macron, sem citar diretamente as declarações de Bolsonaro.

    As afirmações de Macron foram feitas durante uma entrevista coletiva conjunta com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, após uma reunião bilateral. O francês está em Buenos Aires para participar da reunião de cúpula do G20, o grupo das maiores economias do mundo, entre os dias 30 e 1º de dezembro.

    A União Europeia e o Mercosul negociam o acordo com base em três pilares — o diálogo político, a cooperação e o livre-comércio — há quase 20 anos. As negociações foram suspensas em 2007, retomadas há dois anos e estão agora centradas nos temas de maior sensibilidade — a abertura dos mercados de carnes e de etanol europeus e do setor automotivo do Brasil e da Argentina. A expectativa de sua conclusão ainda neste ano, porém, dificilmente se cumprirá.

    Ao contrário das dúvidas que mostrou em relação ao governo de Bolsonaro, Macron afirmou que pretende avançar nas relações da França com a Argentina. O líder francês elogiou Macri por seguir um “rumo claro” na economia e ressaltou que a França apoiou o empréstimo de 57,1 bilhões de dólares feito do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao governo argentino.

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    Macron explicou que deseja criar um fórum econômico bilateral entre França e Argentina, para que as empresas de médio porte dos dois países façam mais investimentos cruzados em setores como a inovação e o turismo. Depois do encontro, os dois presidentes seguiram para a cidade de Tigre, na foz do rio da Prata, para um lanche.

    Além de Macron, que chegou na quarta-feira à capital argentina, já estão em Buenos Aires o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong. O presidente Michel temer deverá desembarcar no início desta noite.

    Sobre a reunião de cúpula do G20, Macron afirmou que espera o triunfo do espírito de “diálogo e de cooperação”. O presidente francês destacou ter uma relação “fácil e fluente” sobre segurança e combate ao terrorismo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o criticou duramente por defender a criação de uma força militar exclusiva para a Europa. Mas concordou haver “desacordos” nas discussões sobre comércio e o clima.

    (Com EFE)

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