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Lula acirra tensões políticas em dia de festa para Portugal

A presença do presidente brasileiro no Parlamento provocou manifestações dentro e fora do plenário

Por Luciana Alvarez, de Lisboa
Atualizado em 25 abr 2023, 11h31 - Publicado em 25 abr 2023, 07h59
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  • No aniversário de 49 anos da Revolução dos Cravos de Portugal, a principal festa política do país que marca o fim da ditadura de António Salazar, foi o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quem pautou as mais acaloradas disputas entre parlamentares e até as manifestações nas ruas de Lisboa.

    Lula discursou na Assembleia da República, onde foi muito aplaudido, assim como foi alvo de manifestações contrárias de onze deputados do partido de extrema direita Chega. Eles atrasaram-se à sessão de Lula, entrando na plenária no meio da execução do hino nacional brasileiro. Toda vez que Lula era aplaudido pela maioria do plenário, os onze, que passaram o tempo todo de pé empunhando cartazes “chega de corrupção” e bandeiras da Ucrânia, batiam nas bancadas. 

    O Chega tem atualmente doze deputados no Parlamento. O Partido Socialista é majoritário, com tem 120, seguido pelo PSD, com 77. 

    Ainda no início do discurso do brasileiro, o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, teve que intervir e exigiu “cortesia” dos deputados que quisessem permanecer no plenário. Ao final do discurso de Lula, ele pediu desculpas pelo comportamento dos parlamentares do Chega. Saindo da plenária, uma longa fila de deputados portugueses se formou para cumprimentar Lula e houve até quem pedisse para tirar selfies com o brasileiro. 

    A guerra na Ucrânia voltou a permear o discurso de Lula. Ele repetiu que “condenamos a violação da integridade territorial” e, mais uma vez disse acreditar que é possível sair do conflito pelo “caminho do diálogo e da diplomacia”. “É preciso falar em paz”, afirmou.

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    O convite inicial feito a Lula previa ele discursar na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República. Mas o anúncio, feito ainda em fevereiro pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, provocou forte reação dos partidos de oposição. Para tentar contornar a crise, sem causar um incidente diplomático com o Brasil, separaram-se os eventos: Lula discursou em uma sessão especial em sua homenagem e, logo na sequência, foi feita a sessão do 25 de Abril. Ainda assim, foi a primeira vez que um chefe de estado estrangeiro discursa no parlamento nesta data. 

    Além do protesto dentro da assembleia, o partido de extrema direita chamou uma manifestação popular contra a presença de Lula. Em resposta, grupos de apoio ao brasileiro convocaram militantes para manifestações a favor ao brasileiro. A polícia acabou fechando várias ruas na proximidade do Palácio de São Bento, sede do Parlamento, e separou os manifestantes em ruas diferentes.

    Na noite anterior, em entrevista à CNN de Portugal, André Ventura, presidente do Chega, previu que a manifestação contra Lula seria a maior de todos os tempos contra um chefe de estado. O protesto esteve muito bem organizado, animado por uma bateria, com as lideranças falando de um pequeno palanque, equipamentos de som e equipes do partido identificadas com coletes para organizar as pessoas. Contudo, as centenas de pessoas mobilizadas não chegaram a ocupar sequer 40 metros da avenida Dom Carlos I, em frente ao palácio São Bento.  

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    Quando Lula chegou, seu carro se aproximou pelo lado em que estavam seus apoiadores e ele nem viu os protestos na rua. 

    A visita de Lula a Portugal foi sua primeira viagem no terceiro mandato à Europa. Na sequência ele vai a Madri, Espanha, onde fica até dia 26.

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