O presidente da França, Emmanuel Macron, tornou-se mais uma vez alvo de uma chuva de críticas do público francês, por ter defendido na quarta-feira 20 o ator Gérard Depardieu, acusado de estupro e assédio sexual. Em entrevista à TV francesa, Macron afirmou que Depardieu é um “ótimo ator” que está sendo vítima de uma “manhunt” (algo como “caçada ao homem”).
Os comentários polêmicos não pararam por aí. O presidente destacou, ainda, que que o artista “dá orgulho à França”. Ele também foi contra a retirada da sua medalha de Legião da Honra, maior condecoração francesa, já que a honraria “não estava ali para fazer qualquer moralização”. O homem de 74 anos recebeu a comenda em 1996.
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As graves acusações
Em um documentário lançado neste mês, Depardieu é visto assediando uma tradutora e fazendo comentários sexuais sobre uma criança de 10 anos. Ele é investigado por estupro e assédio sexual desde 2020, e nega as acusações.
Em abril, 13 mulheres fizeram novas denúncias de assédio contra o ator e cineasta. Até o momento, Depardieu não foi condenado, e a Justiça descartou um caso aberto por Sophie Patterson-Spatz em 2022.
A reação contra Macron
A deputada do Partido Verde, Sandrine Rousseau, disse que Macron insultou vítimas de violência sexual e disparou em entrevista a uma rádio do país: “Alguém que sexualiza uma criança de 10 anos não deixa a França orgulhosa”.
A indignação foi compartilhada por Raphaëlle Rémy-Leleu, conselheira do Partido Verde em Paris. Ela apontou que, a não ser que Depardieu seja responsabilizado, as vítimas “nunca significarão tanto quanto a suposta reputação de um homem”.
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Não é a primeira vez que o chefe de Estado francês é criticado por questões de gênero. Em 2022, um relatório indicou que suas políticas foram “insuficientes” e fracassaram em transformar um “sistema profundamente sexista”, como prometido.
Em 2020, Macron indicou Gérald Darman ao cargo de ministro do Interior, apesar do político carregar nas costas duas acusações de estupro. Na época, ele não escapou de críticas contundentes, especialmente de grupos feministas. Élisabeth Borne, que assumiu o cargo de primeira-ministra no ano passado, é apenas a segunda mulher a assumir o posto no governo francês.