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Maduro solicita 5 bilhões de dólares ao FMI para combater coronavírus

Venezuela tem 33 casos da doença confirmados e teme desastre nos serviços de saúde já afetados pela crise econômica e humanitária

Por Da Redação
17 mar 2020, 17h03
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  • O regime de Nicolás Maduro solicitou nesta terça-feira, 17, o financiamento de 5 bilhões de dólares Fundo Monetário Internacional (FMI) para frear o avanço da pandemia de coronavírus no país.

    “Executamos diferentes medidas de prevenção e controle altamente abrangentes, rigorosas e exaustivas para atender a esta contingência e proteger o povo venezuelano”, afirmou Maduro, em um comunicado enviado à diretora do fundo, Kristalina Georgieva. O ditador ainda disse que o financiamento do FMI seria usado para “fortalecer nossos sistemas de detecção e resposta”.

    Maduro ainda afirmou estar “convencido” de que, “em permanente coordenação com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e apoio mútuo entre os países do mundo, seremos capazes de enfrentar e superar essa difícil situação, vendo os sonhos futuros que virão a se tornar realidade, trabalho e destino comum”.

    O FMI sofre grande influência política dos Estados Unidos. Ainda que a solicitação de Maduro tenha sido feita em um momento de crise e por razões humanitária, é possível que o pedido seja barrado.

    Temor nos serviços de saúde

    A chegada do coronavírus na Venezuela está gerando o temor de um desastre de saúde em um país cujos serviços públicos essenciais estão em estado crítico. No Hospital Clínico Universitário de Caracas, os pacientes são recebidos em corredores mal iluminados, enquanto os funcionários carregam potes de água, pois os sistema de fornecimento não está funcionando.

    Este hospital é um dos 46 sob supervisão militar que o governo designou para atender os casos da Covid-19. Na Venezuela, que há sete anos atravessa pior crise econômica e social de sua história recente, foram registrados 33 casos da doença desde sexta-feira 13, sem nenhuma morte.

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    Nicolás Maduro ordenou uma quarentena geral no país a partir desta terça-feira. Os voos para o exterior estão quase totalmente suspensos, as aulas interrompidas e a população forçada a ficar em casa, exceto por atividades consideradas essenciais.

    Para especialistas, a Venezuela carece de um sistema de saúde “capaz de atender uma contingência como essa”, disse José Félix Oletta, ex-ministro da Saúde. Apenas 35% dos hospitais do país têm água, acrescentou.

    Em 53% deles, não havia máscaras no início de março e 90% careciam de um protocolo para o coronavírus, de acordo com uma pesquisa da ONG Médicos pela Saúde.

    Oletta estima que, em um cenário “moderado, leve”, entre 1.000 e 1.500 pacientes precisariam ser hospitalizados. Mas nesses hospitais escolhidos pelo governo, existem apenas 206 leitos de terapia intensiva, de acordo com a Rede Defendamos a Epidemiologia Nacional.

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    Por sua vez, metade desses leitos estão concentrados em Caracas, de acordo com esse grupo.

    “Catástrofe”

    Entidades e governos dizem que a Venezuela está passando por uma crise humanitária que gerou quase 5 milhões de refugiados após seis anos de confrontos políticos que reduziram a economia em 65%. Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados, equiparou a Venezuela à Síria e ao Iêmen e está prevendo um desastre.

    “Também haverá uma catástrofe quando o vírus chegar às regiões da Síria, Iêmen e Venezuela, onde os hospitais foram destruídos e os sistemas de saúde entraram em colapso”, afirmou.

    O sistema de saúde pública não estava “preparado” para impedir o retorno à Venezuela de doenças erradicadas, como a malária, e não está agora com o coronavírus, afirma María Graciela López, presidente da Sociedade Venezuelana de Doenças Infecciosas. Há relatos de “médicos que não tinham máscaras para cuidar de pacientes”, acrescentou.

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    Como os médicos e enfermeiros, Margot Monasterios, funcionária administrativa do Hospital Clínico de Caracas, trabalha sem luvas ou máscaras faciais e diz que ficou doente por falta de higiene. “Há sujeira, poeira e, para que a equipe possa limpar, eles fornecem água, não detergente ou cloro. Qual é a utilidade de limpar com água?”, pergunta Monasterios.

    Pelos corredores escuros do Hospital Clinico Universitario, circulam cada vez menos pessoas de jaleco branco. E Monasterios revela que está preocupada. “Sou uma mulher guerreira, mas tenho muito medo”, confessa.

    (Com AFP)

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