O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decidiu recorrer a Vladimir Putin, líder da Rússia e seu maior aliado externo, em meio à crise crescente com a Guiana. Ele deve chegar em Moscou no próximo domingo, 10, ou segunda-feira, 11, de acordo com autoridades locais.
A visita já vinha sendo discutida desde o começo do ano, dado que a Venezuela tem relações próximas com a Rússia desde os anos de Hugo Chávez, quando se tornou um grande parceiro militar de Moscou. Em novembro, o chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto, foi até Moscou para se encontrar com seu colega Sergei Lavrov.
Crise em Essequibo
No último domingo, 3, Maduro fez um plebiscito de anexação da região de Essequibo, 70% do atual território da Guiana, à Venezuela. A região tem uma grande reserva de petróleo no seu litoral, quase equivalente à brasileira, e a sua exploração pela empresa americana ExxonMobil tem se revertido em um aumento brutal no PIB da Guiana.
O líder venezuelano divulgou um novo mapa do país, incorporando a região, nomeou um general como governador regional e disse que a petroleira estatal iria conceder licenças de exploração dos recursos do vizinho. A medida também atende a necessidades eleitorais, já que Maduro enfrenta pressão para liberar a oposição para concorrer nas eleições presidenciais de 2024, e o baixo comparecimento ao plebiscito demonstrou a necessidade de ganhar apoio.
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Respostas à Caracas
A Guiana, com 3.400 soldados no total, denunciou o movimento da Venezuela e se colocou em alerta total. O Brasil incentivou os dois países a dialogarem e evitarem uma escalada de tensões na região.
Por outro lado, os Estados Unidos lançaram um sinal para Caracas anunciando uma manobra militar na Guiana, com o sobrevoo de aeronaves pela região. Na Casa Branca, o porta-voz da área de segurança nacional, John Kirby, reforçou o “apoio inabalável” dos americanos à soberania guianense.
Nesta sexta-feira, 8, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia fez seu primeiro comentário sobre a crise. A porta-voz Maria Zakharova disse que Moscou pede que tanto Venezuela, quanto Guiana, “se abstenham de ações em Essequibo que possam prejudicar as partes”.
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Guerra apenas na retórica
Diplomatas russos acreditam que não existe interesse de Moscou em uma guerra na América do Sul, visto que o Kremlin tem a suas atenções focadas na Ucrânia e, de forma secundária, no conflito entre Israel e o Hamas no Oriente Médio. Por outro lado, analistas afirmam que a Rússia poderia ganhar com um diversionismo em uma área próxima aos EUA.
Apesar de ter a superioridade militar, militares brasileiros também duvidam que Maduro vá às vias de fato com a Guiana. Para isso, a invasão deve ser feita pela água ou ar, salvo a possibilidade de Caracas querer usar o território brasileiro de Roraima para acessar a região.