O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou nesta terça-feira, 28, o plano de paz proposto pelo presidente americano, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, divulgado mais cedo na Casa Branca sob o título “Acordo do Século”.
“Depois dessa bobagem que escutamos hoje, nós respondemos mil vezes não ao Acordo do Século”, disse Abbas em uma conferência de imprensa na cidade de Ramala, na Cisjordânia. O presidente afirmou que os palestinos estão focados em acabar com a ocupação israelense e estabelecer um Estado soberano no qual Jerusalém será sua capital, não em reconhece-lo como legítimo.
Representantes de todos os grupos palestinos, incluindo o Hamas, se reuniram com Abbas nesta terça-feira. “Nós não nos ajoelharemos e nem nos renderemos”, disse adicionando que os palestinos devem resistir ao plano com o recurso de “meios pacíficos e populares”.
Em paralelo, protestos de palestinos surgiram nas proximidades de Israel e na Faixa de Gaza. Segundo a imprensa israelense, duas pessoas foram presas durante as manifestações.
Mais cedo, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, telefonou a Abbas para discutir sobre como confrontar o plano de paz. Na ligação, Abbas defendeu que a união é a “pedra angular” para derrotar o acordo que, segundo ele, elimina “direitos legítimos” dos palestinos. Haniyeh concordou que a unidade será o fator essencial e disse que o movimento está pronto para trabalhar ao lado do Fatah, partido de Abbas.
Chamado de “Acordo do Século” por Trump e Netanyahu, o texto mantém a solução de dois Estados para a Palestina e Israel, aceito há anos pela comunidade internacional. Mas prevê que Jerusalém ficará sob domínio israelense, e a capital da nova nação árabe será nos arredores ao leste da cidade santa.
Outros pontos do acordo são o reconhecimento da soberania israelense pelos árabes, que não poderão reivindicar o território ocupado pelos judeus na Cisjordânia. Também está prevista a desmilitarização do Hamas e da Jihad Islâmica, que atuam na Faixa de Gaza. Em troca, o Estado palestino seria reconhecido internacionalmente e receberia um fundo de 50 bilhões de dólares para reestruturar o país, além da promessa de ganho territorial.
As negociações não tiveram a participação de nenhum representante palestino. A Autoridade Palestina rompeu os vínculos diplomáticos com Washington após a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, em 2017.
Trump se diz o presidente americano mais pró-Israel que os Estados Unidos já elegeu. Durante sua gestão, apoiou por diversas vezes o Estado israelense, na contra-mão do consenso internacional quanto ao conflito com os árabes. Além de ter transferido a embaixada, ele reconheceu a soberania de Israel nas Colinas de Golã, território ocupado da Síria, e foi até homenageado com o seu nome para um assentamento no local.
(Com EFE)