Diante da perspectiva de atritos entre Brasil a Argentina a partir da posse do peronista Alberto Fernández, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), liderou uma missão parlamentar a Buenos Aires nesta quinta-feira, 5, e reiterou ao próprio presidente eleito do país que espera “boas relações” entre os governos. A iniciativa sinaliza para um novo papel do deputado, desta vez na seara diplomática: o de anteparo em caso de conflitos bilaterais. O presidente Jair Bolsonaro rejeitou comparecer à posse de Fernández, no dia 10.
O encontro não estava previsto. Maia liderou uma comitiva pluripartidária com deputados – Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Paulo Pimenta (PT-RS), Baleia Rossi (MDB-SP), Eumar Nascimento (DEM-BA), Orlando Silva (PCdoB-SP) – para se encontrarem com o peronista Sergio Massa, que deverá assumir a Presidência do Parlamento argentino.
Após a reunião, Maia foi convidado por Massa a conhecer Fernández. O argentino pediu para que a delegação brasileira transmitisse a Bolsonaro seu desejo de manter uma convivência saudável, dados os desafios da economia mundial e a ameaça dos Estados Unidos de sobretaxar tanto o aço brasileiro e argentino.
“Se nos respeitarmos, será mais fácil conviver. Transmitam ao presidente Jair Bolsonaro o meu respeito e o meu apreço para trabalharmos juntos”, disse. “Temos um destino em comum. Temos que cuidar para que nenhuma conjuntura altere nossa relação”, disse Fernández a Maia.
Fernández estava acompanhado pelo futuro chanceler argentino, Felipe Solá, e pelo próximo embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, ao qual se referiu como “alguém de quem eu gosto muito”. O presidente eleito demonstrou esperar uma boa relação com Bolsonaro porque o “Brasil é um irmão com outro idioma”.
Maia disse que Bolsonaro estava à par da visita da delegação brasileiro à Argentina e disse esperar uma “boa relação” entre os governos. A mensagem de Bolsonaro contrasta com o histórico de seus ataques contra o argentino. O presidente chamou Fernández de “bandido” às vésperas das eleições e disse que “os argentinos escolheram mal” após a vitória do peronista.
O presidente eleito da Argentina tomará posse no dia 10 de dezembro, em Buenos Aires, sem a presença de Bolsonaro nem do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, que declarou que as “forças do mal estão comemorando” a vitória peronista. O Brasil será representado pelo ministro Osmar Terra, da Cidadania.