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Mais de 100 pessoas já morreram em crise política na Nicarágua, diz ONG

País enfrenta uma onda de protestos desde que o governo reprimiu de forma violenta atos contra a reforma da Previdência

Por Da redação
1 jun 2018, 10h46
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  • O número de mortos durante a crise que afeta a Nicarágua por protestos contra o presidente Daniel Ortega subiu para 108, informou na quinta-feira (31) a ONG Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).

    As vítimas passaram de 100 depois que pelo menos 16 pessoas morreram entre a madrugada de quarta para quinta-feira em situações violentas ocorridas em distintas cidades do país da América Central, além da confirmação de outras nove mortes em dias anteriores, disse à Agência EFE a um porta-voz do Cenidh.

    Horas antes, o governo do país tinha informado sobre quinze pessoas mortas e 199 feridas durante os últimos atos violentos em Manágua, Masaya, Estelí e Chinandega.

    A organização humanitária disse que as mortes, em geral, mantiveram o padrão de disparos certeiros na cabeça, no pescoço ou no tronco. Testemunhas do tiroteio de quarta-feira afirmaram que o ataque foi cometido por agentes da polícia vestidos de civil e tropas de choque conhecidas como “mobs”, que aguardavam os manifestantes ao lado da marcha.

    Em comunicado, o governo afirmou que esses atos obedecem a grupos de oposição com “agendas políticas específicas” que buscam “aterrorizar” a população, no que chamou de “conspiração”.

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    “Não existem forças de choque nem grupos paramilitares simpáticos ao governo, motivo pelo qual não podemos aceitar que se nos acusem de acontecimentos dolorosos e trágicos que não provocamos, que jamais provocaremos”, segundo o texto do governo Ortega.

    O Cenidh argumenta que as mortes associadas à crise da Nicarágua têm em Ortega o seu principal responsável, na sua qualidade de chefe supremo da Polícia Nacional e líder das forças governistas. Na quarta-feira (30), o presidente afirmou que permanecerá à frente do governo, em um discurso para milhares de partidários em Manágua, apesar dos pedidos de impeachment. “A Nicarágua é de todos e vamos ficar todos aqui”, disse durante uma grande concentração no norte da capital. O presidente assinalou que após décadas de conflito “a paz chegou, mas foi um caminho longo” e é preciso defendê-la.

    A Nicarágua atravessa uma crise sociopolítica que teve como estopim as manifestações contra a reforma na Previdência emitida pelo presidente em abril. A reforma propunha uma redução em 5% na aposentadoria dos nicaraguenses e aumentava o tempo de contribuição das empresas e trabalhadores. Após uma série de protestos que deixou centenas de mortos, o próprio presidente admitiu que a mudança era inviável.

    (Com EFE e AFP)

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