Mais de 20 países endurecem críticas a Israel e condenam sofrimento ‘inimaginável’ em Gaza
Em declaração conjunta, ministros das Relações Exteriores destacaram que "ações urgentes são necessárias agora para deter e reverter a fome" no enclave
Ministros das Relações Exteriores de 25 países afirmaram nesta terça-feira, 12, que “o sofrimento humanitário em Gaza atingiu níveis inimagináveis” e instaram Israel a permitir o aumento do fluxo de entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. Em declaração conjunta, os chanceleres destacaram que “ações urgentes são necessárias agora para deter e reverter a fome”, alertando: “O espaço humanitário deve ser protegido e a ajuda jamais deve ser politizada”.
“No entanto, devido a novos requisitos restritivos de registro, ONGs internacionais essenciais podem ser forçadas a deixar os Territórios Palestinos Livres em breve, o que agravaria ainda mais a situação humanitária. Apelamos ao governo de Israel para que autorize todos os envios de ajuda humanitária de ONGs internacionais e desbloqueie as operações de atores humanitários essenciais”, disse o comunicado.
“Medidas imediatas, permanentes e concretas devem ser tomadas para facilitar o acesso seguro e em larga escala para a ONU, ONGs internacionais e parceiros humanitários. Todas as travessias e rotas devem ser utilizadas para permitir o fluxo de ajuda para Gaza, incluindo alimentos, suprimentos nutricionais, abrigo, combustível, água potável, medicamentos e equipamentos médicos. A força letal não deve ser usada nos locais de distribuição, e civis, agentes humanitários e profissionais de saúde devem ser protegidos”, acrescentou.
O documento também agradeceu aos “EUA, Catar e Egito por seus esforços em pressionar por um cessar-fogo e buscar a paz” e indicou que uma trégua que permita o fim da guerra é necessária para “que os reféns sejam libertados e que a ajuda entre em Gaza por terra sem impedimentos”. Na semana passada, autoridades de saúde de Gaza informaram que quase 197 palestinos morreram de fome nas últimas semanas, resultado do cerco israelense à entrada de suprimentos. Em paralelo, 59 reféns permanecem em cativeiro em Gaza, dos quais acredita-se que somente 24 ainda estejam vivos.
A declaração foi assinada por Austrália, Bélgica, Canadá, Chipre, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Japão, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Noruega, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido, além da alta representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, da comissária da UE para o Mediterrâneo e da comissária da UE para a Igualdade, Preparação e Gestão de Crises.
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Apelos da OMS
A carta conjunta foi divulgada em meio a apelos da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que o governo israelense permita entrada de caminhões de ajuda humanitária que aguardam na fronteira. De Jerusalém, o representante da OMS nos territórios palestinos, Rik Peeperkorn, definiu a situação no enclave como “catastrófica” e frisou que “a fome e a desnutrição continuam a devastar Gaza”.
“Queremos estocar, e todos ouvimos falar que mais suprimentos humanitários estão sendo permitidos – bem, isso ainda não está acontecendo, ou está acontecendo em um ritmo muito lento”, disse Peeperkorn, informando que 52% dos medicamentos estavam com estoque zero em Gaza.
Ele afirmou que a OMS conseguiu enviar menos suprimentos do que o desejado “devido aos procedimentos complicados” e aos produtos “ainda com entrada negada”. Peeperkorn disse que apenas 50% dos hospitais e 38% dos centros de atenção primária à saúde estavam funcionando, mas apenas parcialmente. Em meio à progressiva escalada de violência, a ocupação de leitos atingiu 240% da capacidade no hospital Al-Shifa e 300% no Hospital Al-Ahli.
“Queremos abastecer os hospitais o mais rápido possível… após as notícias – toda a discussão sobre uma incursão em Gaza”, continuou ele. “Atualmente, não podemos fazer isso… Precisamos conseguir levar todos os medicamentos e suprimentos médicos essenciais.”
O escritório de imprensa do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, acusou Israel de boquear a entrada de mais de 430 itens alimentares no território. Entre os itens bloqueados, segundo o escritório, estão “carne congelada de todos os tipos, peixe congelado, queijo, laticínios, vegetais congelados e frutas”, bem como “centenas de outros itens necessários aos famintos e doentes”.
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