Mais de 20 países exigem que Israel permita ‘retomada total de ajuda a Gaza’ e ‘reduza sofrimento’
Mais cedo, Reino Unido, França e Canadá ameaçaram 'ações concretas' contra Israel, incluindo sanções econômicas

Um declaração conjunta de 22 países demandou nesta segunda-feira, 19, que Israel “permita a retomada total da ajuda a Gaza” de forma imediata após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, permitir a entrada “mínima” de suprimentos ao enclave palestino. O comunicado foi assinado por Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Eslovênia, Espanha, Suécia e Reino Unido.
“Embora reconheçamos indícios de um reinício limitado da ajuda, Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza por mais de dois meses”, diz o texto. “Temos duas mensagens diretas para o Governo de Israel: permitir a retomada total da ajuda a Gaza imediatamente e permitir que a ONU e as organizações humanitárias trabalhem de forma independente e imparcial para salvar vidas, reduzir o sofrimento e manter a dignidade.”
As Forças de Defesa de Israel (FDI) permitiram a entrada na Faixa de Gaza de caminhões com suprimentos de ajuda humanitária, poucas horas depois de Netanyahu anunciar, em meio à forte pressão internacional, a liberação do transporte de mantimentos, bloqueados desde 2 de março. Ao todo, segundo as FDI, cinco caminhões com itens que incluem alimentos para bebês entraram na Faixa de Gaza pela travessia de Kerem Shalom, na tríplice fronteira entre Israel, Egito e Faixa de Gaza.
Antes do anúncio, o primeiro-ministro israelense havia afirmado que Israel irá “tomar controle” de toda a Faixa de Gaza, na esteira do anúncio da retomada de operações terrestres no final de semana e de extensos ataques aéreos que deixaram mais de 100 mortos e destruíram instalações médicas no norte do enclave no domingo, 18.
+ Israel permite primeira entrada de ajuda humanitária em Gaza desde 2 de março
Aumento do tom
Mais cedo, Reino Unido, França e Canadá ameaçaram “ações concretas” contra Israel, incluindo sanções econômicas. A nota definiu a entrada “mínima” de ajuda humanitária como “totalmente inadequada”. O trio também se opôs “a qualquer tentativa de expandir os assentamentos na Cisjordânia” e afirmou que, apesar de apoiar o direito de defesa israelense, a resposta militar em Gaza era desproporcional. Mais de 51 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas, em outubro de 2023.
“Não ficaremos de braços cruzados enquanto o governo Netanyahu realiza essas ações atrozes. Se Israel não cessar a nova ofensiva militar e suspender suas restrições à ajuda humanitária, tomaremos novas medidas concretas em resposta”, alertou o comunicado, acrescentando que a linguagem de políticos israelenses sobre realocar palestinos era “abominável”.
Ainda nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, apelou para que Israel seja excluído de eventos culturais internacionais devido à campanha militar em Gaza. Ele destacou que não se deve “permitir padrões duplos, nem mesmo na cultura”. Sanchez também criticou aqueles que defendem “um setor cultural insípido, silencioso e equidistante”.
“Acredito que ninguém ficou chocado há três anos, quando a Rússia foi solicitada a se retirar de competições internacionais após a invasão da Ucrânia e a não participar, por exemplo, do Eurovision. Portanto, Israel também não deveria fazer isso”, opinou o premiê espanhol.