Mais de 7.000 pessoas estão presas por sua participação nos protestos que abalam o Irã desde meados de novembro, segundo as Nações Unidas, que criticou nesta sexta-feira, 6, a falta de transparência em relação às vítimas e ao tratamento que estão recebendo.
Apesar do alto número de detidos, as prisões continuam em todo o país, disse nesta sexta, durante entrevista coletiva, um porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, liderado pela alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.
“Estou muito alarmado com o tratamento físico, as violações de seu direito ao devido processo e a possibilidade de que uma parte significativa deles possa ser julgada por crimes puníveis com a pena de morte”, disse Bachelet em comunicado.
Sobre as vítimas, o porta-voz Rupert Colville disse que a ONU recebeu informações “sugerindo que pelo menos 208 pessoas foram mortas, incluindo 13 mulheres e 12 crianças”, embora outros relatos dão conta que esse número é o dobro.
No entanto, o escritório de Bachelet atualmente não tem os meios para confirmar esses dados.
“Em tais circunstâncias, com tantas mortes relatadas, é essencial que as autoridades ajam com maior transparência. Deve haver uma investigação imediata e imparcial de todas as violações ocorridas, incluindo os assassinatos de manifestantes e os maus-tratos daqueles que estão sob custódia”, disse.
As forças de segurança responderam aos protestos não apenas com canhões de água e gás lacrimogêneo, mas em alguns casos usaram munições reais dirigidas “contra manifestantes desarmados” que não representavam nenhuma ameaça significativa.
Segundo informações da ONU e vídeos que tiveram a autenticidade verificada, os manifestantes no Irã foram violentamente reprimidos, alvos de disparos do alto de prédios e helicópteros. Em outros casos, foram baleados pelas costas no momento em que fugiam. Além disso, alguns receberam disparos em seus rostos ou órgãos vitais com a clara intenção de matá-los.
Nesta quinta-feira 5, o enviado especial dos Estados Unidos ao Irã, Brian Hook, levantou a suspeita de que Teerã “pode ter matado mais de mil pessoas” desde o início dos protestos, enquanto outros milhares teriam ficado feridos, ou estariam presos.
Os detidos seriam vítimas de maus-tratos com o objetivo aparente de extrair supostas confissões, incluindo a de serem mercenários, segundo as denúncias das Nações Unidas.
A ONU também denunciou que os jornalistas iranianos estão sendo intimidados, incluindo aqueles que trabalham em redes de notícias localizadas fora do país. Suas famílias estão sendo intimidadas com ameaças de membros do serviço de inteligência.
Diante desse quadro sombrio, Bachelet pediu às autoridades iranianas que libertem os manifestantes detidos arbitrariamente, para garantam o direito de todos à defesa. Também solicitou que, caso haja mais protestos, respeitem o direito de manifestação pacífica da população.
(Com EFE)