Israel estimou nesta terça-feira, 4, que mais de um terço dos reféns mantidos pelo grupo palestino radical Hamas na Faixa de Gaza estão mortos. Acredita-se que ao menos 250 pessoas foram sequestradas em 7 de outubro, primeiro dia de guerra, e 120 ainda permanecem em cativeiro. Entre elas, 43 teriam sido mortas pelos militantes, de acordo com fontes do governo israelense. Mas o número de vítimas, segundo as autoridades, pode ser ainda maior, dada a falta de informação sobre o estado de saúde dos reféns.
Membros do Hamas argumentam que as mortes foram provocadas por bombardeios ao enclave palestino. Por lá, mais de 36 mil pessoas foram mortas por ataques israelenses desde a eclosão do conflito. Israel, por sua vez, rejeita a versão e alega que corpos recuperados em operações apresentavam sinais de execução. No último mês, as tropas de Tel Aviv encontraram três corpos em Jabalia, ao norte da Faixa, incluindo o do israelo-brasileiro Michel Nisembaum, de 59 anos. Ele estava desaparecido desde 7 de outubro.
Nesta segunda-feira, 3, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a morte de outros quatro reféns: Chaim Peri, de 80 anos, Yoram Metzger, 80, Amiram Cooper, 84, e Nadav Popplewell, 51. Segundo o comunicado, “os corpos estão detidos pelos terroristas do Hamas”. Todos os quatro haviam sido filmados vivos em vídeos postados previamente pelo Hamas. A informação teria tido como base uma análise do comitê de especialistas do Ministério da Saúde, em coordenação com o Ministério dos Serviços Religiosos e o Rabino Chefe de Israel.
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Acordo de cessar-fogo
Na última e única trégua, ocorrida em novembro do ano passado, 105 cativos e 240 palestinos mantidos em prisões israelenses foram libertados. Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou uma proposta para um cessar-fogo em Gaza em troca da libertação de reféns israelenses. Segundo ele, Israel está cometendo o mesmo erro que os EUA cometeram após os ataques de 11 de setembro de 2001, que levaram às “guerras sem fim” no Oriente Médio.
A relação entre Israel e Estados Unidos tem estremecido no desenrolar da guerra — no início do conflito, Biden estendeu apoio “sólido como uma rocha e inabalável” ao país aliado, mas mudou o discurso com a escalada de violência e a consequente morte de civis na Faixa de Gaza. Em entrevista à revista americana Time, divulgada nesta terça-feira, 4, o democrata sugeriu que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pode estar prolongando o confronto por motivos políticos, dizendo: “há todos os motivos para as pessoas tirarem essa conclusão”.