Manifestação reúne 8.000 chilenos contra a violência policial
Protesto em favor dos direitos humanos no centro de Santiago se mantém pacífico; 23 pessoas morreram e 1.305 foram feridas em três semanas
Cerca 8.000 pessoas foram às ruas novamente no Chile nesta sexta-feira, 1. Ativistas de direitos humanos reuniram-se na Praça Itália, no centro de Santiago, para reclamar da violência policial nos protestos que ocorrem no país há três semanas.
Segundo a CNN Chile, estão no país representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e do Observatório contra o Assédio na Rua (OCAC). A presidente do Observatório, Maria José Guerrero, afirmou que a violência nos protestos se acentua contra as mulheres. Ela mesma foi detida “injustamente”, como disse, na semana passada.
Também nesta sexta-feira, o presidente chileno, Sebastián Piñera, visitou policiais hospitalizados. Mas, segundo Guerrero, não fez o mesmo gesto a nenhum manifestante ferido. Desde o dia 18 de outubro, quando começaram as manifestações contra o aumento na taxa do metrô, já há registros de 23 mortos, 1.305 feridos e 4.271 detidos, segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos chileno.
As demonstrações de hoje estão sendo realizadas o mais pacificamente possível. Entre os manifestantes, há muitas crianças e famílias. Este Dia de Todos os Santos é, para os chilenos, um feriado. Foi aproveitado para a convocação de uma marcha de mais de 100 quilômetros – de Limache, na região de Valparaíso, até o Palácio La Moneda, a sede da Presidência da República do Chile. A caminhada começou ontem.
Nessa manifestação, até agora, não houve confronto com a polícia.
As manifestações começaram há três semanas, com o anúncio do aumento das passagens do metrô. Mesmo depois de o presidente Piñera ter voltado atrás e cancelado o aumento, os protestos continuaram. Os chilenos reclamam do alto custo de vida, dos baixos salários, das aposentadorias e dos sistemas de saúde e educação, que não são acessíveis a todos.
O líder chileno anunciou um pacote de medidas para tentar acalmar os ânimos e conter as manifestações, mas não foi suficiente. A população argumenta que nenhuma das medidas anunciadas terá aplicação imediata e que são iniciativas que ainda terão de passar pelo Congresso.