Um manifestante que participava dos protestos em Hong Kong, no dia do 70º aniversário da República Popular da China, foi baleado no peito nesta terça-feira, 1, pela polícia local e está internado em estado grave, de acordo com informações do jornal South China Morning Post.
Uma fonte da polícia que não se identificou, citada pelo jornal, confirmou que os agentes dispararam várias vezes para o alto no distrito de Tsuen Wan, e que um dos tiros atingiu uma pessoa.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o jovem identificado como Tsang Chi-kin está caído no chão, com sangue no peito, pedindo para ser levado ao hospital. “Meu peito dói, me levem ao hospital. Necessito ir ao hospital”, diz.
Seu amigo afirmou ao jornal que Tsang está passando por cirurgia no Hospital Princess Margaret.
Segundo a imprensa local, o jovem é estudante do quinto grau, que, no sistema educacional de Hong Kong, só pode ser acessado por estudantes com pelo menos 16 anos de idade.
Fotos publicadas pelos veículos de imprensa de Hong Kong mostram o jovem pouco depois de ser atingido, recebendo atendimento médico, com uma máscara de oxigênio no rosto, e com o peito descoberto.
Ainda que tiros de advertência tenham sido disparados pela polícia em protestos anteriores e que muitas pessoas tenham sido feridas por balas de borracha, essa é a primeira vez que um manifestante é atingido por arma de fogo desde que os protestos começaram em Hong Kong. Além de Tsang, outras 15 pessoas entre 18 e 52 anos foram hospitalizadas.
Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas nesta terça para comemorar o que chamaram “dia de luto nacional”, enquanto na China continental celebra o 70º aniversário da fundação da República Popular.
Os protestos convocados para hoje em Hong Kong não foram autorizados pela polícia. Vídeos publicados na internet mostram os oficiais disparando tiros de advertência para dispersar as multidões.
Os ativistas pró-democracia, mobilizados desde junho, querem aproveitar o aniversário para expressar novamente seu ressentimento em relação ao governo de Pequim.
Os manifestantes denunciam a perda de liberdades no território chinês e a violação, de acordo com eles, do princípio “um país, dois sistemas”, estabelecido no momento da devolução para a China da ex-colônia britânica em 1997. Sem líderes identificados, os protestos são convocados pelas redes sociais.
Os protestos se tornaram massivos em junho e começaram em oposição à já retirada proposta de lei de extradição que permitiria que cidadãos de Hong Kong fossem extraditados e processados judicialmente na China continental.
Após a suspensão da legislação, os manifestantes passaram a exigir melhorias nos mecanismos democráticos que regem Hong Kong, anistia para os ativistas presos durante os protestos, a renúncia da líder do Executivo local, Carrie Lam, entre outras coisas.
Apesar da proibição de manifestações e das advertências para que a população evite “reuniões ilegais”, os manifestantes se reuniram nesta terça-feira à tarde em Causeway Bay. O bairro comercial se tornou o cenário de confrontos entre a polícia e alguns ativistas radicais. Diante de vários centros comerciais e lojas fechadas, os manifestantes gritavam: “Apoio a Hong Kong, vamos lutar pela liberdade”.
Protestos menores foram registrados no bairro de Wanchai e diante do consulado britânico, assim como nas zonas de Sha Tin e Tsuen Wan.
(Com EFE e AFP)