A polícia de Hong Kong lançou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes no bairro comercial de Causeway Bay neste domingo, 8, depois de manifestantes pró-democracia terem se reunido na frente do Consulado dos Estados Unidos. Eles pediam a ajuda americana para consolidar a democracia na cidade, governada pela China. Em um padrão agora familiar de jogo de gato e rato entre a polícia e a população, ao longo de três meses de protestos, os manifestantes se dispersaram para a região vizinha de Admiralty, para o distrito de Wan Chai e para Causeway Bay.
Os ativistas armaram barricadas, quebraram janelas, iniciaram incêndios nas ruas e vandalizaram a estação de metrô no distrito Central, o mais importante da ex-colônia britânica. Sede de bancos, joalherias e lojas de marcas famosas, a região estava cheia de grafites, cacos de vidro e pedras arrancadas das vias. Os manifestantes atearam fogo em caixas de papelão, construindo barricadas com cercas de metal.
“Não podemos sair porque há policiais do choque”, disse o manifestante Oscar, 20, em Causeway Bay. “Eles dispararam gás lacrimogêneo na estação.”
Mais cedo, milhares de manifestantes cantaram o hino norte-americano e pediram ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para “libertar” a cidade. Eles acenaram com bandeiras norte-americanas e cartazes demandando democracia.
“Lute pela liberdade, apoie Hong Kong”, gritaram os manifestantes, antes de entregarem petições no consulado americano. “Resista a Pequim, e liberte Hong Kong.”
As manifestações deste domingo navamente desafiaram o governo de Hong Kong, que na semana passada atendeu a reivindicação inicial dos manifestantes – retirar de tramitação o projeto de lei que permitiria a extraditar dissidentes políticos para o continente. A iniciativa do governo de Carrie Lam, entretanto, chegou tarde demais. Os protestos sem lideranças formais abraçaram outras demandas de fundo, como o aprofundamento da democracia na ilha e a melhoria das condições de vida.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, pedira no sábado 7 que a China atuasse com comedimento em Hong Kong, que retornou ao domínio chinês em 1997. No mês passado, Trump sugeriu que a China deveria resolver o problema em Hong Kong “humanamente” e antes que um acordo comercial fosse alcançado com Washington. Anteriormente, Trump chamara os protestos de “distúrbios” de responsabilidade da China.
Hong Kong retornou à China sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que garante liberdades não usufruídas na porção continental do país. Muitos moradores de Hong Kong temem que Pequim esteja tentando acabar com essa autonomia.
(Com Reuters)