Durante dois dias seguidos, a temperatura da água no estado americano da Flórida ficou tão quente que rapidamente gerou comparações de que parecia até uma banheira, ou uma “jacuzzi”. Nesta quarta-feira, 26, meteorologistas afirmaram que, apesar de ainda ser necessário mais análises, pode ser a temperatura da superfície do mar mais alta já medida, em um duro alerta sobre impactos do aquecimento das águas e eventos climáticos extremos.
Atualmente, pesquisadores já veem os efeitos das águas quentes ao redor do estado, com o branqueamento e até a morte de alguns corais em um dos recifes mais resistentes da Florida Keys, um arquipélago de ilhas tropicais na região. Além disso, a água em temperaturas elevadas é um combustível para furacões.
Na segunda-feira, uma boia localizada em Manatee Bay atingiu 38,4ºC, disse George Rizzuto, meteorologista do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, dizendo se tratar de um “recorde em potencial”.
No domingo, a boia atingiu uma temperatura de 37,9ºC, quase 1ºC a menos do que o registro de segunda-feira. Ambas as temperaturas bateram o recorde anterior estabelecido nas águas de Kuwait há três anos, quando foi registrado 37,6 ºC.
Essas altas temperaturas trazem graves consequências para os corais marinhos. O pesquisador da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) Andrew Ibarra descobriu que todo o recife “estava branqueado”, com toda a colônia de coral exibindo uma forma de “palidez, branqueamento parcial ou branqueamento total”.
Até a década de 1980, o branqueamento de corais era praticamente inédito, porém, mais de quarenta anos depois, essa palidez se tornou rotina. Apesar do branqueamento não matar o coral, ele fica enfraquecido e consequentemente fica mais vulnerável, podendo levar à morte. Normalmente tal fenômeno acontece quando a água atinge uma temperatura superior a 30ºC.
Em Cheeca Rocks, um dos recifes de corais do arquipélago, alguns mergulhadores encontraram organismos esbranquiçados e até mortos, informou o líder do programa de corais do National Oceanic e Administração Atmosférica Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico, Ian Enochs.
De acordo com a NOAA, esse fenômeno ocorre porque as temperaturas de todo o mar quebraram recordes mensais de calor em abril, maio e junho, com o norte do Oceano Atlântico até 6ºC mais quente.