Milhares de parisienses foram às ruas neste sábado, 28, para protestar contra a violência policial e a favor da liberdade. O estopim da revolta é um novo projeto de lei de “segurança global”, que tem em seu artigo 24 a criminalização para quem publicar imagens de policiais em serviço, sob a alegação de que elas poderiam colocar em risco a integridade física e psicológica de agentes da lei em situações críticas.
Grupos de defesa de direitos civis alegam que qualquer restrição à publicação de fotos ou vídeos é uma afronta direta à liberdade de imprensa, além de incentivar a violência das forças de segurança, dificultando assim a eventual punição em caso de excessos e atos de racismo.
A passeata se aglomerou na Place de la République e ruas adjacentes. Houve tumulto quando o protesto, inicialmente pacífico, começou a sair do controle e alguns manifestantes se atracaram com a tropa de choque, que lançou gás lacrimogêneo. A tensão escalou nos últimos dias quando foram divulgadas imagens de um produtor musical negro, Michel Zecler, sendo espancado pela polícia. O vídeo, feito durante a evacuação de imigrantes em uma praça de Paris na última terça-feira, dia 24, impressiona pela brutalidade empregada na ação. O próprio presidente Emmanuel Macron veio a público mostrar sua indignação.
Os agentes que atacaram Zecler foram afastados e estão sob investigação. Hoje centenas de policiais de capacete e armadura acompanharam os manifestantes e levantaram barricada no local onde a passeata deveria terminar. O primeiro-ministro Jean Castex prometeu que o projeto de lei seria reescrito, mas parte do parlamento deseja que ele seja mantido como está. A decisão foi postergada para 2021.