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‘Massacre’ em Bucha é obstáculo para avanço em direção à paz, diz Zelensky

Governo da Ucrânia relatou no domingo 410 corpos encontrados nas ruas dos subúrbios do norte de Kiev, após retirada das tropas de Moscou

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 abr 2022, 12h30 - Publicado em 5 abr 2022, 08h29
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  • O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, levantou dúvidas sobre a possibilidade de um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, e sobre as negociações de paz em si, após acusar a Rússia de genocídio nesta terça-feira, 5.

    “Pode ser que não aconteçam negociações”, disse Zelensky a emissoras ucranianas, dizendo ser sensato não conversar com o presidente russo após acusar tropas russas de crimes de guerra, sobretudo após a descoberta de centenas de corpos em valas comuns na cidade de Bucha.

    “Todos nós, inclusive eu, perceberemos até mesmo a possibilidade de negociações como um desafio”, disse. “O desafio é interno, antes de tudo, o próprio desafio humano. Então, quando você se recompõe e tem que fazer isso, acho que não temos outra escolha.”

    President Volodymyr Zelensky (C) walks in the town of Bucha, just northwest of the Ukrainian capital Kyiv on April 4, 2022. - Ukraine's President Volodymyr Zelensky said on April 3, 2022 the Russian leadership was responsible for civilian killings in Bucha, outside Kyiv, where bodies were found lying in the street after the town was retaken by the Ukrainian army. (Photo by RONALDO SCHEMIDT / AFP)
    O presidente Volodymyr Zelensky caminha na cidade de Bucha, a noroeste da capital ucraniana de Kiev – (Ronaldo Schemidt/AFP)

    A Procuradoria Geral da Ucrânia divulgou neste domingo que 410 corpos foram encontrados nas ruas dos subúrbios do norte de Kiev, após a retirada das tropas de Moscou. Segundo o governo ucraniano e de acordo com imagens difundidas por veículos internacionais, os corpos apresentavam sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.

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    Durante mensagem divulgada durante a madrugada, Zelensky já havia rechaçado o que classificou como “mentiras russas” sobre mortos na cidade de Bucha, dizendo que “todos os crimes dos ocupantes estão documentados”.

    “Há informações sobre mais de 300 pessoas mortas e torturadas apenas em Bucha. A lista de vítimas provavelmente será muito maior quando toda a cidade for revistada”, acrescentou. “Os corpos das pessoas assassinadas, os ucranianos assassinados, já foram removidos da maioria das ruas. Mas nos quintais, nas casas, os mortos ainda permanecem”.

    As autoridades ucranianas têm informações de que o número de vítimas dos ocupantes pode ser ainda maior em Borodyanka e algumas outras cidades libertadas, completou Zelensky, denunciando que em muitas áreas nos distritos libertados das regiões de Kiev, Chernigov e Sumy “os ocupantes fizeram coisas que os locais não tinham visto mesmo durante a ocupação nazista há 80 anos”.

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    O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse, em entrevista à Reuters, que as forças russas estupraram, mataram e atiraram contra civis. Ele defendeu que “novos Julgamentos de Nuremberg” sejam realizados – em referência aos tribunais que condenaram crimes nazistas na II Guerra Mundial.

    Nesse sentido, Zelensky frisou que está interessado na investigação “mais completa e transparente possível, cujos resultados sejam conhecidos e explicados a toda a comunidade internacional”. No entanto, destacou que “propagandistas russos” estão novamente tentando negar as acusações contra seu Exército.

    “Eles já estão lançando uma campanha falsa para esconder sua culpa nos assassinatos em massa de civis em Mariupol. Eles vão fazer dezenas de entrevistas em cenários, reeditar gravações e matar pessoas especificamente para fazer parecer que foram mortas por outra pessoa”, denunciou.

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    A Rússia sustenta que, em 31 de março, o prefeito de Bucha confirmou, em mensagem de vídeo, que já não havia soldados russos na cidade, “mas, não mencionou em nenhum momento, que havia moradores locais baleados nas ruas com as mãos amarradas”.

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