A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apresentou nesta terça-feira, 21, seu “novo projeto de acordo” para a separação britânica da União Europeia (UE). Esta será a quarta tentativa da premiê de romper o impasse sobre o Brexit no Parlamento.
O novo pacto apresentado por May inclui uma união aduaneira temporária com a União Europeia, válida até as próximas eleições gerais no Reino Unido, além de garantias para manter os direitos trabalhistas e os padrões ambientais. Também prevê que os parlamentares possam votar sobre a convocação de um eventual segundo referendo sobre o Brexit.
A premiê alertou que o projeto de lei, que chegará ao Parlamento na primeira semana de junho, é a “última oportunidade” para que o Reino Unido “cumpra o resultado” da consulta popular de junho de 2016, no qual prevaleceu a opção de abandonar a União Europeia.
Os impasses para conseguir apoio do próprio partido levaram May a tomar “a difícil decisão de tentar chegar a um acordo com as demais forças”, ressaltou. A primeira-ministra manteve sua promessa de renunciar ao cargo depois da aprovação do acordo.
“Digo com convicção a cada parlamentar ou cada partido: eu fiz concessões, agora peço que vocês façam concessões”, afirmou. “Recebemos uma instrução clara do povo que devemos representar, então me ajudem a encontrar uma maneira de honrar esta instrução, mobilizar nosso país e nossa política e construir o futuro melhor que todos nós queremos ver”.
Embora as conversas de May com o opositor Partido Trabalhista não tenham resultado em um acordo específico, facilitaram uma aproximação de posturas em diversos âmbitos, segundo a governante.
O ponto de maior tensão era a criação de uma união aduaneira com a União Europeia após o Brexit, o modelo de futura relação comercial que os trabalhistas defendem. Os membros do Partido Conservador, do qual May faz parte, repudiam a ideia.
May voltou a se mostrar contra essa proposta, por considerar que impediria o Reino Unido de forjar a sua própria política comercial, mas aceitou submeter a uma votação a possibilidade de estabelecer uma união aduaneira temporária, até as próximas eleições, previstas para 2022.
Uma parte dos trabalhistas também reivindica um segundo referendo para que os britânicos possam se pronunciar sobre os termos de saída da União Europeia, caso o Parlamento os ratifique. A primeira-ministra também se manifestou contra essa consulta, mas anunciou que o texto que apresentará no início de junho obrigará a Câmara dos Comuns a se pronunciar se quer convocar um novo referendo ou não.
Complicações
As perspectivas de aprovação do pacto, contudo, não são boas. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, disse que sua sigla não pode votar a favor projeto. Afirmou também que a nova proposta da premiê não passa da “posição do governo requentada” em conversas com os governistas, que fracassaram na semana passada.
“É um truque de uma primeira-ministra desesperada, que ficou sem opções, recusa-se a ceder e deixou o Parlamento e o país de escanteio durante três anos”, disse a parlamentar trabalhista Seema Malhotra.
Vários conservadores eurocéticos de destaque, como o ex-ministro do Brexit David Davis e Jacob Rees-Mogg, também disseram que não votarão a favor do projeto de lei no início de junho.
O Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), que sustenta o governo de May, disse que os “defeitos fatais” de seu acordo original permanecem e que a legenda teme que o pacto force a Irlanda do Norte a se separar do resto do Reino Unido.
(Com Reuters e EFE)