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May evitar falar em renúncia caso Parlamento vete acordo do Brexit

A primeira-ministra enfrenta resistência mesmo dentro do Partido Conservador; na UE, a Espanha ainda é um desafio

Por Da Redação
Atualizado em 23 nov 2018, 18h34 - Publicado em 23 nov 2018, 16h36

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May afirmou nesta sexta-feira, 23, estar focada em persuadir os membros do Parlamento a votar em favor do seu acordo para a saída da União Europeia, o Brexit. Ao responder a ouvintes de um programa da BBC Radio5Live, ela titubeou, mas disse ainda não pensar na hipótese de sua renúncia, caso seu acordo seja derrotado na Câmara dos Comuns.

“Eu não estou pensando sobre mim”, ela disse, “Estou pensando sobre conseguir aprovar o melhor acordo para o país. O meu foco é passar esse acordo.”

Em uma ocasião anterior, May havia advertido sobre o risco de não haver Brexit, caso os termos de sua proposta falhassem. Agora, ela diz que a saída do Reino Unido irá acontecer de qualquer forma: “Pessoalmente, não há questão quanto a não haver Brexit, porque o governo precisa entregar ao povo aquilo que ele aprovou no referendo de 2016.”

No próximo domingo, 25, o acordo e a declaração de intenções irão passar pelo crivo do Conselho Europeu. Segundo o jornal The Guardian, o acordo redigido por May precisa da aprovação de 320 dos parlamentares – maioria simples. Atualmente, ela conta com cerca de 240 votos. Boa parte de seu partido, o Conservador, e da oposição trabalhista é contrária aos termos definidos.

May alertou que, caso o acordo seja rejeitado pelo Parlamento, Londres voltará “à estaca zero” nas negociações com Bruxelas.

“Acredito que se voltássemos à União Europeia e disséssemos: ‘As pessoas não gostaram daquele acordo, será que podemos ter outro?’ Eu não acho que eles viriam até nós e diriam: ‘Nós vamos te dar um acordo melhor’. Acho que esse são os termos que funcionam melhor para o Reino Unido”, comentou a líder britânica, com ironia.

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Votou contra o Brexit

Outro ouvinte questionou a líder conservadora se ela achava que sua proposta era o melhor para o futuro do país, já que May votou pela permanência do Reino Unido na União Europeia. A primeira-ministra se limitou a dizer que seria um cenário “diferente”. Mesmo tendo sido contra o Brexit, ela nunca disse que o ‘céu cairia’ fora do grupo econômico.

“Acho que estaremos melhores em um cenário que, tendo saído da UE, tenhamos controle de todas as coisas e a possibilidade de negociar com o resto do mundo.”

No entanto, quando questionada pela apresentadora Emma Barnett sobre se havia um plano B do governo para uma possível derrota no Legislativo, May se esquivou. Limitou-se a dizer que está trabalhando para assegurar que o acordo, nos atuais termos, passe pelo Parlamento.

Membros do gabinete da primeira-ministra irão viajar pelo país para explicar os méritos de seu projeto, como parte do plano para aprovação.

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Gibraltar 

Primeiro, Theresa May deve enfrentar os líderes europeus no domingo Nos últimos dias, a maior ameaça ao seu acordo envolveu a relação entre a Espanha e a Península de Gibraltar. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, sinalizou que votará contra a aprovação do texto se o Reino Unido não oferecer garantias, por escrito, de que o país ibérico será consultado sobre futuras decisões relacionadas ao território ultramarino britânico.

Sanchez afirmou que não confirmará seu comparecimento na reunião de líderes da União Europeia, no próximo domingo, antes de suas exigências serem aceitas por Londres.

Apesar dos temores, May argumentou que, quando negocia com Bruxelas, faz isso “em nome de toda a família do Reino Unido, incluindo Gibraltar”. “Nossa posição sobre Gibraltar e a soberania [britânica] não mudou.”

Entretanto, ela acrescentou que está “trabalhando” com os governos de Gibraltar e da Espanha para colocar em vigor medidas sobre a questão levantada por Madri.

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Ex-secretário do ‘Brexit’ critica plano

Depois de abandonar a pasta de Brexit no gabinete de May, Dominic Raab atacou o acordo proposto pela primeira ministra por prender o Reino Unido às mesmas regras que seguia como membro da União Europeia, somente sem um controle central.

Em entrevista ao programa BBC Radio 4’s Today, Raab afirmou que a proposta atual “debilitaria” a economia britânica e que sua habilidade de fazer acordos comerciais de maneira independente iria virtualmente desaparecer.

O porta-voz da primeira-ministra negou tais afirmações, endossando as palavras de May: “Esse resultado vai de acordo com o voto do povo britânico.”

39 bilhões de libras

Outro tema de questionamento foi o pagamento de 39 bilhões de libras (190,5 bilhões de reais) de Londres a Bruxelas a título de “liquidação financeira”. May defendeu esse ponto do acordo, dizendo que, inicialmente, falava-se em um dispêndio de até 100 bilhões de libras (488 bilhões de reais). Argumentou ainda que parte desse desembolso permite ao Reino Unido ter o período de transição e, assim, evitar uma situação de “beira do abismo” para empresas durante a separação.

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Ela admitiu, no entanto, que parte da quantia será adiantada à União Europeia e uma outra será desembolsada “ao longo dos próximos anos”. Se não houver um trato consolidado para a relação futura das duas partes ao fim do período de implementação e a solução emergencial para evitar uma fronteira irlandesa dura, o pagamento será interrompido.

“Se entrarmos na extensão do período de implementação, a União Europeia pedirá mais contribuições financeiras”, reconheceu.

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