Médico que alertou sobre coronavírus está oficialmente morto, diz hospital
Óbito fora desmentido quando OMS já tinha publicado nota em que lamentava a perda; horas depois, veio a confirmação
Após primeiro anúncio oficial de morte ser desmentido pelas autoridades da China, o médico que alertou o público em dezembro de 2019 sobre o que se tornaria a epidemia do novo coronavírus, Li Wenliang, morreu da própria infecção no hospital onde trabalhava, em Wuhan, nesta quinta-feira, 6.
“Li Wenliang, do nosso hospital, que infelizmente foi infectado durante a luta contra a epidemia de pneumonia da nova infecção por coronavírus, não reagiu após todos os [nossos] esforços e morreu. Lamentamos profundamente”, disse em nota o Hospital Central de Wuhan.
O médico oftalmologista, de 34 anos, faleceu oficialmente às 15h58 desta quinta (2h58 de sexta-feira, 7, em Wuhan). Ele contraiu o novo coronavírus ao atender um de seus pacientes.
Em plantão no penúltimo dia de 2019, Li detectara uma “misteriosa doença” em sete pacientes, determinara uma quarentena no pronto-socorro e divulgara a informação em um chat de colegas. No meio da noite, autoridades da área de saúde o convocaram a explicar sua iniciativa e, três dias depois, ele foi obrigado e assinar uma declaração de que seu alerta fora um “comportamento ilegal”. “A doença é prevenível e controlável”, firmou.
Divulgado recentemente, o caso fez ressurgir as suspeitas de negligência e de postergação do alarme de epidemia por Pequim.
A imprensa oficial da China, por meio do jornal Global Times, havia noticiado a morte de Li na tarde desta quinta, mas voltou atrás. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também havia confirmado a morte de Li em uma postagem no Twitter em que lamentava seu falecimento. Após o conflito de informações, publicou nova nota na qual alegou não ter informações sobre seu estado de saúde.